Esquenta a disputa pelas vagas ao Senado na chapa governista no RJ

Dois candidatos do PT, um do PMDB, mais Crivella e dois, por fora, do PDT. Disputas internas e embates entre aliados demandam interferência de Lula. Indefinição por nome petista e resistência a nova concessão são entraves

Cabral e Lula tentam costurar chapa ao Senado. Crivella se diz o preferido, Miro Teixeira e Wagner Montes correm por fora (Foto: Ricardo Stuckert/Pr)

Rio de Janeiro – A aliança eleitoral entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o governador Sérgio Cabral (PMDB) enfrenta nova dificuldade política para se consolidar no Rio de Janeiro. Depois da crise provocada pela confirmação da candidatura ao governo estadual de Anthony Garotinho (PR) – fato que desagrada a Cabral porque pode levar a candidata petista à Presidência da República, Dilma Rousseff, a subir em dois palanques no estado – surge agora um novo impasse. O desafio é a formação da chapa da base governista para o Senado.

A princípio, PT e PMDB indicariam os dois nomes dos candidatos ao Senado, mas o xadrez político se complicou depois que outros partidos da base aliada manifestaram o desejo de integrar a chapa governista. O candidato preferencial de Cabral é o presidente da Assembléia Legislativa do Rio, Jorge Picciani (PMDB), enquanto o PT permanece indeciso entre as candidaturas da ex-governadora Benedita da Silva e do prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias. No entanto, o senador Marcelo Crivella (PRB), candidato à reeleição, reivindica uma das duas vagas na chapa e, para isso, conta com a simpatia do próprio Lula, que começa a se movimentar para tentar resolver o imbróglio.

A tarefa não será fácil. Representaria fazer o PT a recuar mais uma vez, já que abriu mão de concorrer ao governo e anunciou apoio à reeleição de Cabral. Ciente dessa dificuldade, Lula atua para convencer o governador a implodir a candidatura de Picciani. A força do presidente da Alerj no PMDB fluminense, no entanto, torna difícil para Cabral qualquer ação nesse sentido. Consultado sobre a possibilidade de abrir mão de sua candidatura em nome da unidade governista, Picciani foi taxativo: “Esta hipótese não existe. O PMDB terá candidato ao Senado e eu tenho maioria absoluta na convenção do partido”, disse.

Quando estiveram juntos no domingo de carnaval para assistir ao desfile das escolas de samba do Rio, Lula teria pedido a Cabral, segundo interlocutores, para “dar um jeito rápido nessa questão dos candidatos ao Senado”. O presidente ressaltou que Crivella vem sendo um importante aliado de seu governo e que não teria lógica desprestigiar sua candidatura. Outro ponto favorável a Crivella é que ele aparece em primeiro lugar, com cerca de 30% das preferências, em todas as pesquisas de opinião até aqui realizadas.

Atento ao impasse, Garotinho já formalizou a Crivella o convite para que este integre sua chapa. Aliado de primeira hora do ex-governador, de quem se afastou mais tarde, o senador teria com Garotinho a possibilidade de constituir uma dobradinha forte, com grande capacidade de penetração no interior do estado e também junto ao eleitorado evangélico. Por enquanto, o senador evita assumir uma posição publicamente, parecendo apostar em um desfecho favorável dentro da chapa de apoio a Cabral “Eu sou o candidato preferido do presidente”, orgulha-se Crivella.

Indefinição petista

Para que essa suposta preferência se confirme na prática, PT ou PMDB terão de recuar. O caso petista parece mais complicado, uma vez que Lindberg afirma que não aceita deixar de disputar o Senado após ter sido impelido a desistir de concorrer ao governo estadual. Antes, entretanto, o prefeito de Nova Iguaçu terá que vencer a disputa interna com Benedita, que faz parte da corrente majoritária do partido e conta com a simpatia da direção nacional do PT. “Já cedi uma vez. Agora é hora de a Benedita abrir mão da disputa. Não vou aceitar levar uma outra rasteira nesse processo”, promete Lindberg.

Ouvido pela reportagem da Rede Brasil Atual, um membro do secretariado de Lindberg, que prefere não ser identificado, afirmou que emissários do Palácio do Planalto já teriam procurado o prefeito para uma apresentar uma nova proposta que possibilite a inclusão de Crivella na chapa para o Senado. “O presidente Lula argumentou que, se cumprir até o fim o mandato de prefeito, Lindberg será naturalmente o candidato mais forte ao governo estadual em 2014, possivelmente com o apoio do PMDB”, disse a fonte.

PDT também quer

Não bastasse a falta de espaço para acomodar Crivella, Picciani, Lindberg e Benedita, outro partido da base governista, o PDT, manifestou recentemente o desejo de lançar a candidatura do deputado federal Miro Teixeira ao Senado. Um setor do PDT quer que o partido forme uma chapa com Miro e um candidato próprio ao governo, que seria o jornalista e apresentador Wagner Montes.

Deve prevalecer, no entanto, a vontade da maioria dos pedetistas, liderados pelo ministro do Trabalho, Carlos Lupi, que se contenta com uma vaga de suplente ao Senado na chapa de Cabral. O PDT anunciará sua posição oficial após reunião da executiva regional do partido marcada para a próxima semana. Enquanto isso, a corda da disputa pelo Senado espera para arrebentar no lado mais fraco.

 

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