‘Empresário’ nunca foi contratado e agiu por conta própria, diz EDRB

Segundo advogado da empresa, Quícoli foi recebido em 2009 mas não 'trouxe nada para ser analisado' pela empresa. Ele nunca assinou contrato nem tinha autorização para buscar outras consultorias

São Paulo – O advogado da EDRB do Brasil Ltda, Rodolfo Vaccari Batista, negou na tarde desta sexta-feira (17) que a empresa estivesse buscando financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) e que tenha havido autorização para contato com a Capital Consultoria, de Israel Guerra, filho da ex-ministra da Casa Civil, Erenice Guerra. O autor das denúncias, Rubnei Quícoli, “nunca foi contratado da EDRB”.

“Ele (Quícoli) se apresentou como consultor autônomo no mercado e atende a várias empresas”, afirmou Batista à Rede Brasil Atual. “Os donos (da EDRB) e inclusive a área jurídica da empresa não sabiam de pedido de financiamento ao BNDES nem de contatos feitos por Quícoli”, completou o advogado. “Fomos pegos de surpresa e estamos vivendo no meio de um furacão”, descreve.

Na prática, segundo o advogado, Quícoli “agiu por si próprio”, caso tenha procurado a Capital Consultoria. Nenhum encaminhamento nesse sentido teria sido autorizado pela EDRB.

Na edição de quinta-feira (16) do Jornal Nacional, Aldo Wagner, um dos proprietários da empresa, disse não ter concordado com “o pagamento de dinheiro” para a “empresa de intermediação”. Ele alegava não ter informação sobre comissão de 5% no processo de negociação.

A posição apresentada pelo advogado à Rede Brasil Atual é de que a EDRB não aceitaria a remuneração de consultores por não ter condições financeiras de atender à demanda. A comissão não foi apresentada como pedido de propina – “termo que nunca foi usado dentro da empresa”. Batista descarta qualquer informação sobre contatos com a Capital até a apresentação do contrato.

Segundo Batista, Quícoli se apresentou à empresa em 2009. Até então desconhecido,  propôs buscar financiamento para uma central de energia solar no Nordeste. “Dissemos a ele: ‘pode buscar essas possibilidades’, mas ele nunca trouxe nada para ser analisado pelo jurídico da empresa”, alega. No momento da oferta, ele sequer mencionou que o pedido poderia envolver o BNDES.

Batista afirma que, se a empresa soubesse anteriormente do histórico de condenação e prisão de Quícoli por estelionato, ele mesmo teria vetado a contratação do consultor. “Ele nunca pontuou nada sobre essas denúncias”, defende-se. O último encontro de Quícoli com a empresa ocorreu entre fevereiro e março, cita o assessor jurídico.

Em relação a eventuais buscas por financiamento junto ao BNDES, o advogado afirma que, no passado, a empresa procurou informações a respeito por um instrumento chamado de consulta prévia. O mecanismo é adotado como padrão pelo banco, sem qualquer intermediário. A EDRB esbarrou na falta de garantias. “O projeto é grande, mas a empresa é pequena”, admite o advogado.

Segundo o representante da EDRB, os proprietários da empresa, Aldo Wagner e Marcelo M. Escarlassara, nunca foram filiados a partido político e “agora estão lutando para manter o bom nome da empresa”. “Não é fácil lidar com tudo isso, fomos pegos de surpresa e o esforço todo é para anter o bom nome que sempre tivemos”, aponta.

Sem prova

Rubnei Quícoli admitiu à reportagem de O Globo, na quinta-feira (16), que não tem como provar a autoria das mensagens eletrônicas apresentadas com o suposto pedido de propina pela Capital Consultoria, empresa desativada do  filho da ex-ministra da Casa Civil. A denúncia do lobista é de que Israel havia prometido facilidades sob pagamento de 5% do valor total do recurso.

Quícoli informa que os emails foram trocados entre janeiro e fevereiro. Sem ver sucesso nas negociações, chegou a ameaçar levar o escândalo à imprensa. Nas mensagens, segundo O Globo, o empresário ameaça afirmando “Derrubo o Coutinho (Luciano Coutinho, presidente do BNDES)” e “Cabeças irão rolar”. Afirmou, sem mostrar documentos, que o dinheiro financiaria as campanhas à presidência de Dilma Rousseff (PT) e ao estado de Minas Gerais de Hélio Costa (PMDB).

PT processa

O presidente do PT, Eduardo Dutra, informou que vai entrar com três ações contra Quícoli. “Temos absoluta convicção de que eles estão tentando forjar a participação da campanha da Dilma nesse episódio. Estamos convictos de que ele está mentindo. Portanto estamos antecipando que vamos processá-lo. Se ele admite que não tem como provar, temos que processá-lo”.

Dutra lembrou que essa será a postura adotada sempre que houver qualquer tipo de difamação contra o partido ou algum de seus quadros. O PT vai sugerir abertura de inquérito na Polícia Federal para apurar a denúncia de doação, uma representação criminal perante a Justiça Federal e uma junto ao Ministério Público por calúnia e difamação. “Se houve armação para tentar conseguir liberação de recurso do BNDES, se alguém pediu dinheiro para a campanha, não foi com autorização”, completou o presidente do PT.

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