Com Dilma como certa para o Planalto, PT usa congresso para debater palanques estaduais

No Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília, o PT se prepara para sua primeira eleição presidencial sem Lula na disputa (Foto: Elza Fiúza. Agência Brasil) O primeiro dia do […]

No Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília, o PT se prepara para sua primeira eleição presidencial sem Lula na disputa (Foto: Elza Fiúza. Agência Brasil)

O primeiro dia do 4º Congresso do Partido dos Trabalhadores (PT) seguiu o ritmo considerado natural dentro da sigla. A presença da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, serve apenas para ratificar a candidatura à Presidência da República, e as articulações ficam em torno dos palanques nos estados.

As primeiras atividades são dedicadas a debates, e deve ficar para sábado (20) a votação de uma medida dando carta branca ao diretório nacional para a formação de alianças estaduais. “A nossa proposta é que se discuta só o geral, sem entrar em detalhes, mas que o congresso dê mandato para o Diretório Nacional tratar com plenos poderes todas as questões regionais em que for necessária uma apreciação por parte da direção nacional”, disse à Reuters o deputado Ricardo Berzoini (SP), que acaba de deixar a presidência do PT.

A intenção é evitar que as disputas locais interfiram na corrida ao Planalto, na qual o comando do partido espera contar com o apoio do PMDB, partido que, pelo tamanho da bancada no Legislativo, tem direito a importantes minutos na propaganda eleitoral. Contando com isso, o PT considera que manter a administração em cinco estados e a Presidência estará de bom tamanho, sendo possível fazer concessões aos integrantes da base aliada na maioria das disputas locais.

José Eduardo Dutra, substituto de Berzoini no comando do partido, aponta que a inclusão na pauta do congresso de temas controversos capazes de melindrar as negociações entre o PT e seus aliados, como a discussão sobre os possíveis candidatos a vice, está fora de cogitação. “Esse assunto não vai ser abordado no congresso. Estando na coligação, isso é o PMDB que vai indicar”, assegurou.

A disputa em São Paulo seria uma das definições do evento, mas todo debate é feito com muita cautela. A opção preferida do presidente Lula continua sendo que o deputado federal Ciro Gomes (PSB) seja candidato, mas o parlamentar prefere disputar o Planalto. Com isso, o senador Aloizio Mercadante voltou a dar sinais de que não teria problemas em atender a um pedido vindo de Brasília. Por outro lado, seguindo o caminho normal, o petista disputaria sua recondução no Senado, terreno considerado muito mais seguro que o Executivo paulista, há quase duas décadas nas mãos do PSDB.

A revista Carta Capital ouviu um petista que afirmou que há uma moeda de troca em jogo. “Mesmo se perdesse agora, ele [Mercadante] se fortaleceria – e muito – para concorrer à prefeitura. Com todo esse desgaste do [prefeito Gilberto] Kassab, ele estaria praticamente eleito”, avalia um deputado. Outros entusiastas da ideia são os ligados à ex-prefeita Marta Suplicy, que encontraria caminho livre para candidatar-se ao Senado.

Candidatura federal

Ao mesmo tempo em que fecham palanques estaduais e evitam dissensões, os petistas fazem elogios à atual política e, sempre que podem, incluem agrados a Dilma Rousseff. A ministra esteve na abertura do congresso e deixou no ar o tom de comparação com o governo Fernando Henrique Cardoso, embora sem citações diretas. “Eu fiz um discurso sobre o presente e o futuro e nós temos muito o que mostrar. É fácil para nós”, afirmou.

Em sua fala, a ministra destacou o esforço em promover o equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e a distribuição de renda como o ponto forte do atual governo. “Essa é uma combinação virtuosa que permite que sejamos citados hoje por muitas agências de pesquisa como a quinta economia mundial, mas nós somente seremos a quinta economia se transformamos substancialmente as condições de vida do povo brasileiro. O Brasil tem um legado de descuido e de descaso para com as classes populares e muito ainda tem que ser feito para melhorar isso”, enfatizou.

Já o deputado Ricardo Berzoini apontou que o modelo econômico implementado pelo governo não é apenas mais eficiente do que os dos governos anteriores, como também foi fundamental no enfrentamento da crise mundial. “Com a liderança do presidente Lula e da ministra Dilma nós vencemos a crise e, ao mesmo tempo, conseguimos gerar um sentimento de superação e de aumento da auto-estima do povo brasileiro jamais visto em outras ocasiões”, disse.

O ex-ministro José Dirceu aproveitou a abertura do congresso para afirmar que vai ajudar em tudo o que for possível para eleger Dilma Rousseff. “Já fiquei na clandestinidade por 10 anos. Meu tempo de clandestinidade acabou”, afirmou. A ministra, por sua vez, agradeceu a colaboração, afirmando que a opinião de Dirceu, como quadro do PT, será considerada.

Leia também

Últimas notícias