Vereador Telhada contrata parente e financiadores como assessores

Juiz afirma que apesar de legal, atitude não é bem vista sobre a ótica da moralidade

O vereador do PSDB Paulo Telhada, que trata contratações com dinheiro público como “coisa minha” (©Vanessa Carvalho/Folhapress)

São Paulo – O coronel Paulo Telhada (PSDB), emprega em seu gabinete na Câmara Municipal de São Paulo dois assessores parlamentares que financiaram sua campanha com quantias elevadas. O coronel também empregou o primo David Denis Lobão, na assessoria de imprensa do gabinete.

O serviço de prestação de contas do Tribunal Regional Eleitoral paulista (TRE-SP) aponta Antonio José Fonseca da Silva como doador de montante equivalente a quase R$ 40 mil para a campanha do coronel. Em janeiro, segundo o site da Câmara, ele recebeu R$ 21 mil de salário já como parte da equipe de Telhada. Rodolfo Artur Teixeira Vieira é outro doador da campanha que aparece na lista do TRE, com doação de quase R$ 19 mil. Seu salário em janeiro, segundo o site da Casa, foi perto de R$ 18 mil.

A legislação permite a contratação de primos – e Telhada afirma que agiu dentro da legalidade nos três casos. “Isso é uma coisa minha, eu não tenho de dar satisfação a ninguém. O que eu pago a meus funcionários é coisa minha com eles, é legal e legítimo”, disse à Rádio Brasil Atual.

Porém, o presidente da Associação Juízes para a Democracia (AJD), José Henrique Rodrigues Torres, contesta o vereador, enfatizando que a legalidade deve vir acompanhada de princípios morais. “Todos os agente públicos têm de dar satisfação sim dos seus atos, eles não são donos do dinheiro e têm de dar satisfação sobre as verbas que utilizam no exercício da sua função pública. Eles deves satisfação não apenas sob a ótica da legalidade, mas sob a da moralidade.”

Sobre a doação de Antônio José Fonseca da Silva, o coronel ressalta que “ele [Silva] trabalha muito na zona leste, conhece muita gente. A doação foi feita no nome dele, mas não sei se foi ele mesmo que fez.”

O emprego de seu primo Lobão para assessorá-lo com a imprensa é justificado pelo vereador. “Não vejo imoralidade em trabalhar com profissional competente. Seria imoral ele ser competente e não poder trabalhar comigo porque é meu parente.”

“Há indícios bastante fortes de que há um desvio na moralidade da parte do ato. Toda conduta pública está sujeita aos princípios da moralidade. Se os princípios são violados, ainda que sob a ótica da legalidade, podem ser alvos de apurações e sanções no âmbito administrativo e político”, alerta o juiz da AJD.

Descontente com o questionamento, Telhada tentou dissuadir a reportagem. “Se quiser publicar o que você não deve publicar… Eu aconselho você a tomar cuidado com o que você vai publicar. Porque a paulada vêm depois do mesmo jeito, no mesmo ritmo.”

Ouça a reportagem da Rádio Brasil Atual.

Link | Download