Líder do PSC insiste em ter o comando da Comissão de Direitos Humanos

Enquanto André Moura confirma protestos contra possível nomeação do pastor Marco Feliciano, parlamentares de vários partidos já cogitam disputar presidência no voto

Brasília e São Paulo – O líder da bancada do PSC na Câmara dos Deputados, André Moura (SE), afirma que o partido não abre mão da presidência da Comissão de Direitos Humanos da Casa, e parlamentares de diversas siglas já cogitam partir para a disputa no voto, deixando de lado acordo fechado entre os representantes das legendas, em protesto contra a possibilidade de que o pastor Marco Feliciano (SP) assuma o comando do colegiado. 

“Não tenho de consultar o líder de nenhum outro partido. A decisão não é do PT nem de outro partido. Posso até ouvir sugestões e ponderações de todos eles, mas a decisão cabe a mim enquanto líder da bancada. Não vamos abrir mão de nossa prerrogativa”, diz Moura. O anúncio do nome escolhido pelo PSC será feito após reunião na tarde de hoje (5), e Feliciano, que desperta críticas de opositores pela postura contra a união homoafetiva, é um dos que estão no páreo. 

Ontem, em entrevista concedida por telefone, o líder do PT na Câmara, José Guimarães (CE), afirmou que tentará convencer o colega do PSC a não indicar Feliciano para presidir a Comissão de Direitos Humanos. “Frente ao que aconteceu, vamos discutir com o PSC um nome que seja mais palatável, que dialogue com os grupos da área. Não pode ser um deputado que interdite essa construção que há anos estamos fazendo na área.”

Pela manhã, deputados do PT conversam com Guimarães para tentar fechar uma estratégia de convencimento do PSC. Mas, caso isso não seja possível, petistas e integrantes de outros partidos com afinidade ao tema dos direitos humanos planejam disputar a comissão no voto. A medida contraria a escolha pelo critério de proporcionalidade de bancadas, mas é vista como a única maneira de impedir um eventual retrocesso. “Se é verdade, como diz a imprensa, que o pastor Feliciano foi indicado como presidente, isso entra em contradição com o papel da comissão”, afirma o deputado padre Ton (PT-RO), que lamenta a afirmação de Feliciano de que o colegiado passou a trabalhar apenas em torno da questão LGBT. “A comissão tem sido a porta de entrada das minorias. Não estamos priorizando uma minoria. Ele falou uma inverdade.”

Segundo André Moura, voluntários ao cargo entre os 16 integrantes da bancada e críticos à decisão do PT de abrir mão da presidência têm telefonado desde a quarta-feira (27), quando se decidiu que caberia ao PSC o comando do colegiado, controlado por parlamentares progressistas desde 1995. “De lá para cá não tive oportunidade de reunir a bancada. Conversei individualmente com os deputados, mas não todos reunidos. Tenho ouvido opiniões, tenho ouvido aqueles que externaram o desejo de presidir a comissão.” 

Além de Marco Feliciano, diz o líder, Zequinha Marinho (PA), Antônia Lúcia (AC) e Lauriete Rodrigues Pinto (ES), esta também ligada à bancada evangélica, têm interesse em assumir o cargo. Para André Moura, não existe possibilidade de que a visão pessoal do presidente do colegiado afete o trabalho dos demais parlamentares. “Qualquer que seja o nome escolhido pelo partido não estará lá para defender suas convicções. Estará lá para atuar como magistrado, que não pode em condição alguma cercear os direitos de todos de externar suas posições.”