Bancada do PSC define à tarde presidente da Comissão de Direitos Humanos

Em entrevista à RBA, o líder do partido, André Moura, diz que ouviu sugestões de outras siglas mas lembrou que escolha compete apenas aos social-cristãos; pastor 'ganhou evidência' após críticas na internet

Líder do PSC diz que quatro parlamentares disputam indicação do partido para a comissão (Foto: Arquivo/Agência Câmara)

São Paulo – A bancada do Partido Social Cristão (PSC) na Câmara dos Deputados se reúne hoje (5) às 14 horas para decidir quem será o novo presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias. A sigla adquiriu o direito de ocupar o cargo após partilha realizada entre os maiores grupos partidários da Casa na última quarta-feira (27). De acordo com o líder do PSC na Câmara, deputado André Moura, quatro parlamentares manifestaram interesse no posto.

Um deles é o pastor paulista Marco Feliciano, cuja candidatura à presidência da comissão causou forte oposição de grupos ligados aos direitos humanos – sobretudo organizações dedicadas à causa dos gays, lésbicas, bissexuais, transsexuais e transgêneros (GLBT). Marco Feliciano ganhou notoriedade ao manifestar-se repetidas vezes contra a união civil entre casais do mesmo sexo e também por escrever em sua conta no Twitter que os africanos descendem de um ancestral amaldiçoado de Noé. Segundo o parlamentar, os homossexuais querem privilégios, e não direitos.

Por isso, um abaixo-assinado online contra a indicação do pastor conseguiu mais de 46 mil adesões em menos de uma semana. Iniciativa semelhante, mas favorável à sua candidatura, obteve cerca de 2,5 mil assinaturas. Apesar da notoriedade repentina, as ambições de Marco Feliciano ainda deverão passar pelo crivo da bancada do PSC.

Os outros deputados que disputam a indicação do partido são Zequinha Marinho, do Pará; Antônia Lúcia, do Acre; e Lauriete, do Espírito Santo. “Todos os quatro são queridos colegas e têm bom relacionamento com toda a bancada. Todos querem presidir a comissão”, disse o líder do PSC à RBA, reconhecendo, porém, que Marco Feliciano, “por conta das campanhas nas redes sociais, é quem está mais em evidência”.

André Moura afirma que recebeu ligações e foi procurado pessoalmente por outros partidos, como o PT, interessados em que o PSC indicasse um parlamentar mais antenado com a questão dos direitos humanos para presidir a comissão. Os petistas ligados à questão são radicalmente contrários à nomeação de Marco Feliciano para o posto. No entanto, por uma “mudança de prioridades”, o partido abriu mão da presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, que ocupava até então, para ficar com as comissões de Constituição e Justiça, Defesa Nacional e Relações Exteriores e Seguridade Social e Família.

“Ouvi as sugestões, mas, com todo o respeito, a decisão cabe apenas ao PSC”, continuou André Moura. “Enquanto líder, vou respeitar a maioria de nossa bancada.” De acordo com o deputado, um dos nomes do PSC preferidos pelos parlamentares ligados aos direitos humanos na Câmara, Hugo Leal, não deverá ser indicado para assumir a comissão.

Questionado sobre as convicções pessoais de seus deputados – muito marcadas pelo viés religioso e em conflito aberto com o direito de algumas minorias, como os grupos GLBT –, o líder do PSC afirma que “quem seja escolhido deverá entender que a escolha recai não no parlamentar individualmente, mas como representante do partido. O trabalho na comissão deve estar acima das convicções pessoais de cada um.”

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