Guerra critica ‘caciquismo’ tucano e defende prévia entre Aécio e Serra

Para presidente nacional do PSDB, partido se afastou da realidade do país e precisa se renovar

O presidente do diretório estadual, deputado Pedro Tobias, Sérgio Guerra e o vice-presidente em São Paulo, Vanderlei Macris (Foto: Divulgação)

São Paulo – O presidente nacional do PSDB, deputado federal Sérgio Guerra (PE), abriu na noite de ontem (18) um ciclo de encontros do diretório paulista para preparar seu congresso estadual em São Paulo, no dia 28. Guerra deu uma palestra intitulada “PSDB: Novos Rumos”, na qual analisou a trajetória do partido, criticou a postura da legenda nas últimas campanhas presidenciais e ressaltou a necessidade de união e renovação da sigla. O ex-candidato à presidência da República José Serra não apareceu. O presidente do diretório estadual paulista, deputado estadual Pedro Tobias, e o vice-presidente no estado, Vanderlei Macris, ladearam Guerra na mesa. Depois do evento, ele se reuniria com o governo de São Paulo, Geraldo Alckmin.

Em rápida entrevista a jornalistas após a palestra, o presidente do PSDB reafirmou seu apoio a Aécio Neves e defendeu que a pré-candidatura à presidência seja lançada “com antecedência para que a gente tenha tempo de construir alianças, de fazer o candidato conhecer o Brasil e o Brasil conhecer o candidato. Que o senador Aécio Neves tenha uma presença mais nacional no PSDB”. 

De acordo com ele, o partido deve realizar prévias ainda em 2013. “Não podemos ter campanha a presidente sem prévias. Mesmo na hipótese de um candidato único. Devemos ter prévias no final do ano.” O ex-governador de Minas deve presidir o partido após a convenção nacional, que ocorrerá em 25 de maio, e já aparece como candidato “natural” para 2014, mas José Serra deve entrar na disputa interna.

Na palestra, Sérgio Guerra disse que o grande erro do PSDB nas eleições presidenciais de 2006 e 2010 foi, por “medo de alguma rejeição”, não valorizar o legado de Fernando Henrique Cardoso, presidente do país de 1995 a 2002. “Não comunicamos o que fizemos, não valorizamos o nosso passado. A comunicação do PSDB é primitiva, é péssima”, disparou.

Citou a Lei de Responsabilidade Fiscal, a estabilidade econômica e a criação do real como os principais legados que, segundo ele, foram “os parâmetros” do governo FHC “para que o Brasil pudesse progredir”. Segundo Guerra, faltou à legenda “identidade e personalidade” nas duas campanhas.

O presidente do PSDB criticou o caciquismo do partido. “Não pode mais ser o partido de Fernando Henrique, de José Serra, de Aécio Neves. Não funciona mais assim. O PSDB precisa de discussão, de confusão, o que não precisa é de caciques”, disparou.

São Paulo x Minas

Nas palestra, ele deixou claro que São Paulo ainda é base estratégica para a manutenção do partido como grande legenda no país. “É muito importante que São Paulo se mostre vivo, com energia, porque com essa energia a gente vai continuar a governar aqui”, disse aos militantes paulistas. Mas ressalvou: “[É preciso] renovar os quadros do partido. Novos nomes, novas campanhas, novos candidatos, isso tem de ser um objetivo nosso permanente”. 

No discurso, Guerra também criticou o distanciamento do PSDB da realidade do país. “A gente ganha eleição nas ruas, e não nas duas casas [do Congresso Nacional]. O partido precisa falar o que a sociedade pensa. Temos que unificar o discurso e acabar com o mito de ser um partido de elite”. 

Ele pregou a união, mas ouviu um protesto de Evandro Losacco, membro do diretório estadual, sobre a provável candidatura de Aécio Neves: “Em 20 anos, nós de São Paulo tivemos três nomes, Covas, Serra e Alckmin, que elegemos para construir um partido forte”. Segundo Losacco, “a candidatura de Aécio tem uma interrogação: São Paulo tem que ser respeitado. Fico muito incomodado com esse discurso anti-São Paulo. O gesto maior de quem apoia Aécio é respeitar São Paulo. Não somos em São Paulo vingativos como Minas foi”, disse, referindo-se à pouca vontade com que o então governador de Minas Aécio Neves trabalhou na campanha de Serra em 2010.

Guerra respondeu com diplomacia.”Concordo inteiramente com a ideia de que vocês geraram vitórias que nos mantêm no poder há 20 anos.” Porém, voltou a falar da necessidade de renovação, reconhecendo inclusive os riscos de apostar em novos quadros. “Estamos no mau caminho quando não renovamos as lideranças. É preciso que novos candidatos se apresentem, para ganhar, para perder, para disputar”.

PT

Sérgio Guerra atacou o PT em várias passagens de seu discurso. “É uma marca do PT o uso desavergonhado da máquina pública em eleições”, afirmou. Como exemplo, ele citou a ida da presidenta Dilma Rousseff à TV para anunciar a redução da conta de energia elétrica. “Agora ela promete a desoneração da cesta básica e vai fazer a mesma coisa”, previu. Disse também que o partido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva “não gosta de imprensa”.

Segundo ele, o PSDB precisa “passar indignação sobre o absolutismo do PT, contra o encontro de Dilma com José Dirceu. Dilma é a favor ou contra o mensalão? Se ela for [ao encontro], é a favor”, declarou, referindo-se ao ato marcado para amanhã (20) em São Paulo, quando o PT vai comemorar os dez anos do governo iniciado em 2003 com Lula e continuado com a presidenta Dilma Rousseff.

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