Após núcleo duro ‘técnico’, Haddad vai colher indicações de partidos para secretariado

Prefeito eleito de São Paulo nomeou hoje titulares de secretarias que vão 'viabilizar o governo' e agora pretende exigir de aliados que indicações sejam feitas com base em resultados

O petista lembrou que os integrantes do núcleo duro têm 45 dias até a posse (Foto: Alexandre Moreira/Brazil Photo Press/Folhapress)

São Paulo – Depois da escolha dos nomes dos secretários mais próximos, o prefeito eleito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), vai colher as indicações de partidos políticos para garantir a formação de um governo de coalizão. Além das siglas que integravam a coalizão vencedora das eleições de outubro, o PMDB, que aderiu à candidatura no segundo turno, e o bloco formado por PSD e PV devem apresentar sugestões de nomes. 

Dos cinco secretários anunciados no final da tarde de hoje (12) só o de Governo fez carreira na política – o vereador reeleito Antonio Donato (PT). Os outros quatro, Luís Fernando Massonetto, Leda Paulani, Fernando de Mello Franco e Marcos Cruz têm sólida formação acadêmica e carreiras de gestores e técnicos.

Questionado sobre o perfil técnico da maior parte dos cinco primeiros indicados, o prefeito disse se tratar de uma questão estratégica. “São secretarias que viabilizam a tarefa de todos os demais secretários. É uma interface com as outras. O secretário de Transportes, da Educação, quem quer que seja, depende destas áreas para levar seus projetos à frente. A natureza desta escolha para elas é de viabilizar o governo do ponto de vista da solidez técnica, jurídica e econômica. Por definição é uma área com este perfil (técnico), mas nós queremos compor um governo amplo, um governo representativo de toda a sociedade e da população”, disse. 

“Tenho um interesse de governo de coalizão, não apenas para garantir a governabilidade, não se trata só disso. Nós temos um projeto aprovado nas urnas e as escolhas têm de estar à altura disto. Não adianta pensar que se fechando em um pequeno grupo vai governar uma cidade com a complexidade de São Paulo. Nós estamos conversando”, acrescentou.

Segundo o prefeito eleito, o objetivo de priorizar a escolha dos cinco primeiros nomes foi garantir a eles o tempo necessário para se inteirarem com os atuais ocupantes das pastas em relação ao andamento das secretarias. “Todas estes secretários têm uma atuação que repercute em todas as áreas necessariamente. O que nós fizemos foi permitir um período mais longo, cerca de 45 dias até a posse, para que eles tenham tempo, não só de se inteirar, mas também para que, ao chegarmos em janeiro, não haja problemas de descontinuidade na administração”, disse.

Sobre os próximos nomes que vão compor seu secretariado, o prefeito eleito disse que conversas já estão em andamento. “Nós estamos em tratativas com algumas pessoas, estamos em conversas”, disse ele. Na semana passada, Haddad se reuniu com representantes de PMDB, PSB, PCdoB e PP 

Na parte da manhã, antes da formalização dos nomes, Haddad esteve em Brasília e se reuniu com o ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, pelo PP da Paraíba, que foi designado pelo partido para indicar um provável membro do governo da capital paulista. “Hoje eu estive em Brasília conversando com o ministro Aguinaldo Ribeiro para tratar de dois assuntos diferentes, um técnico, das parcerias da prefeitura com o ministério, e a questão política, da eventual participação do PP em nosso governo, já que a discussão do PP foi delegada a ele”, afirmou.

Indagado sobre como será a escolha dos membros com base na coalizão, Haddad afrimou que seu governo quer apoio, mas também deseja dividir tarefas. “Eu fui ministro durante seis anos e meio e o critério para a escolha é sempre este, resultado. Nós temos um plano para executar. Este plano foi anunciado há meses e discutido com a sociedade. Nós temos um compromisso com a sociedade”, disse.

Segundo Haddad, para cada secretaria há um perfil mais adequado. “Haverá uma pluralidade e vamos ser muito criteriosos, escolhendo a melhor pessoa para aquela pasta”, disse. A expectativa é que até 30 de novembro a maior parte dos secretários já tenha sido nomeada. “Justamente para permitir que os novos secretários tenham tempo para fazer uma transição sem descontinuidade, que a cidade tenha uma transição tranquila”, afirma.

Haddad recordou que serão criadas duas novas pastas, a Secretaria de Mulheres e a de Promoção da Igualdade Racial, promessas apresentadas durante a campanha. Nas subprefeituras, comandadas em sua maioria por ex-coronéis da Polícia Militar, o PT terá novas equipes. Será definido primeiro um modelo de descentralização das subprefeituras para depois definir quem vai ocupar os cargos.

O prefeito eleito também afirmou hoje que se reuniu na semana passada com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e conversou sobre a dívida do município com a União, mas também sobre outros assuntos. “Estamos discutindo um agenda”, disse, sem entrar em detalhes. Antes de anunciar seus primeiros secretários, Haddad se reuniu com a bancada do PT na Câmara Federal, encontro que já estava marcado desde a última semana.

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