Serra volta a hostilizar repórter do UOL e acumula cinco agressões em uma semana

Confrontado sobre distribuição de material anti-homofobia nas escolas públicas, o candidato do PSDB disse novamente para a jornalista procurar emprego na campanha de Fernando Haddad

São Paulo – O candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo, José Serra, voltou a irritar-se com uma repórter do portal de notícias UOL na tarde de ontem (16). O tucano havia hostilizado a mesma jornalista no dia anterior, sugerindo à profissional que fosse trabalhar como assessora da campanha de Fernando Haddad, do PT, após ela ter-lhe dirigido uma pergunta sobre seu primeiro programa televisivo no segundo turno.

“O tom mais agressivo do senhor logo no primeiro programa é porque o senhor está dez pontos abaixo nas pesquisas?”, questionou a repórter durante coletiva de imprensa.

“Vai lá pro Haddad”, respondeu José Serra, dando-lhe tapinhas nas costas. “É a pauta dele. Você não precisa trabalhar pra ele. Ele já tem bastante assessores, não precisa ter uma assessora a mais pra ele. Vai lá direto”.

Ontem, o candidato do PSDB foi questionado pela mesma repórter sobre o “kit gay”, tema que dominou a discussão política em São Paulo nos últimos dias. A jornalista nem quis saber sobre as diferenças entre as cartilhas anti-homofobia elaboradas pelo governo do estado de São Paulo, na época em que José Serra era governador, e pelo Ministério da Educação, então comandada por Fernando Haddad.

A questão apenas procurava esclarecer se o tucano era a favor de que as escolas públicas oferecessem aos alunos algum tipo de orientação contra o preconceito sexual.

“Candidato, sobre o “kit gay”, acho que está faltando esclarecer se o senhor concorda ou não com esse tipo de orientação nas escolas, com este tipo de material”, colocou a repórter do UOL.

“Acho que não tá faltando esclarecer nada. É só ler. Você leu?”, rebateu o tucano, de maneira muito semelhante ao que havia feito no mesmo dia com um jornalista da rádio CBN, durante a manhã.

“Estou perguntando se o senhor concorda”.

“Mas eu estou perguntando se você leu”.

“Eu li”.

“Se você leu acho que está tudo clarinho”.

“Mas eu estou perguntando se o senhor concorda com a distribuição desse tipo de material nas escolas”.

“Qual material?”

“De orientação sexual”, interferem outros jornalistas, demonstrando interesse geral no assunto, e não apenas da repórter do UOL.

“Por que eu concordo? Isso foi em 2009!”

“Mas o senhor concorda ou não?”

“Foi feito em 2009, no meu governo. O resto é brincadeira”.

Mais tarde, os profissionais da imprensa voltaram a questionar o tucano sobre o assunto.

“A gente quer saber se o senhor concorda ou não com este tipo de material, só isso que a gente quer saber”, pergunta a jornalista do UOL.

Serra dá um sorriso sem graça.

“Tá, vai lá com o Haddad e trabalha com ele. É mais eficiente”.

É a sexta vez em menos de vinte dias que José Serra hostiliza trabalhadores da imprensa em São Paulo durante sua campanha para a prefeitura. A primeira ofensa da série ocorreu no dia 28 de setembro, quando o tucano chamou um repórter da RBA de “sem-vergonha” após ser questionado sobre seu plano de governo. Depois, ao analisar a repercussão negativa que teve a declaração de seu candidato, o PSDB divulgou nota acusando o profissional de ter sido enviado pelo PT para tumultuar a coletiva.

Na semana passada, dois repórteres da TVT foram ignorados pelo candidato do PSDB, em duas ocasiões diferentes, única e exclusivamente pelo fato de trabalharem para a emissora. Nesta semana, o tucano já foi agressivo com a reportagem da rádio CBN e, por duas vezes, com a profissional do UOL.

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