‘Falar sobre ética será desfavorável a Serra’, diz Rui Falcão

São Paulo – Em entrevista coletiva na tarde de hoje (8), o presidente nacional do PT, deputado estadual Rui Falcão, rebateu as insinuações do adversário de Fernando Haddad, José Serra […]

São Paulo – Em entrevista coletiva na tarde de hoje (8), o presidente nacional do PT, deputado estadual Rui Falcão, rebateu as insinuações do adversário de Fernando Haddad, José Serra (PSDB), de que vai usar o julgamento do “mensalão” no segundo turno das eleições paulistanas. Tucanos, inclusive Serra, disseram após o resultado do primeiro turno que a questão ética será central na campanha.

“Para falar em debate ético é preciso falar em primeiro lugar da compra dos votos da reeleição”, respondeu Falcão, referindo-se ao escândalo deflagrado em 1997 por ocasião da aprovação da Emenda da Reeleição pela base do governo Fernando Henrique Cardoso. “E também do dossiê Cayman, das privatizações feitas a preço de banana e com suspeitas de caixinha”, continuou.

O dirigente afirmou que seu partido “não teme esse debate”. Segundo ele, os debates em torno de ética, incluindo o do julgamento (do Supremo Tribunal Federal), “só ocorre porque o governo Lula aparelhou a Polícia Federal e a Procuradoria Geral da República (PGR)”. “O procurador geral na época do nosso candidato que foi chamado de engavetador geral da República.  Hoje não há engavetador”, disse Falcão. 

Ele avalia que o debate sobre ética seria um campo desfavorável para tucano travar, porque Fernando Haddad “não tem nenhuma nódoa” na sua biografia. “E seria extremamente desfavorável ao nosso adversário fugir dos problemas da cidade pelos quais ele é responsável e querer travar um debate sobre a ética no qual ele fica a dever explicações.”

Disse também que o debate São Paulo vai ser  “entre os que defendem um projeto privatista e o projeto que defende o papel do estado como indutor do desenvolvimento”. No caso em que a disputa no segundo turno for entre PT e PMDB, “a disputa vai se dar em outro nível, mais centrado nas questões e projetos locais”.  E com o PC doB, explicou, como em Contagem, é uma entre “parceiros”. Os eventuais apoios de Celso Russomanno (PRB) e Gabriel Chalita (PMDB) a Haddad em São Paulo dependem de negociações, informou.

Sobre a conjuntura eleitoral, Falcão mencionou as relações com os partidos aliados à base do governo Dilma Rousseff, especialmente do PSB, e o rompimento com o prefeito reeleito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB). “O PT não é um partido subalterno. Não aceitamos o que ele fez e apresentamos uma candidatura, a de Patrus Ananias, que teve mais de 40% dos votos, fortaleceu uma liderança importante e unificou o partido. É uma derrota nas urnas, mas uma vitória do ponto de vista da unidade partidária”, analisou.

Quanto à conquista do eleitorado de Chalita e Russomanno, formados em grande parte por evangélicos e pentecostais, respectivamente, Falcão diz considerar mais as propostas para a cidade do que “as questões religiosas no plano da política”. O presidente do PT afirmou que a campanha vai aprofundar as propostas pra a cidade, como as do bilhete único mensal, da rede Hora Certa (saúde) e do de urbanização da cidade, chamado de Arco do Futuro, além da escola de tempo integral. “Vamos dialogar com os eleitores de todas as convicções, de todos os setores sociais. A grande aceitação do Haddad no primeiro turno e a grande rejeição do adversário vai nos favorecer nesse debate”, avaliou.

Números

Rui Falcão destacou que o resultado das eleições municipais “consagraram o projeto do presidente Lula”. Entre os grandes partidos, só PT e PSB melhoraram o desempenho em relação a 2008, pelo menos até o primeiro turno. O PT já elegeu 624 prefeitos (foram 558 em 2008), contra 436 do PSB (310 há quatro anos). O PMDB continua com o maior número de cidades (1.019 este ano, mas 1.204 na eleição passada). O PSD de Gilberto Kassab já é o quarto partido do país em número de prefeituras, com nada menos do que 493 eleitos.

O desempenho do PT em número de cidades conquistadas foi muito significativo no Ceará (de 15 prefeituras em 2008 para 30 este ano), Bahia (de 66 para 92), Rio Grande do Sul (de 61 para 72). 

No caso de Minas Gerais, do governador Aécio Neves, a importância se deve mais ao fato de que é o segundo maior colégio eleitoral do país do que ao crescimento do número de cidades onde o partido da presidenta Dilma Rousseff elegeu prefeitos: foi de 110 em 2008 para 114 nas eleições de 2012.

Nas cidades com mais de 150 mil eleitores, o PT venceu em 13 municípios. E em outros 22 está disputando o segundo turno. Nesse universo, o PSDB elegeu 17 candidatos em primeiro turno e está no segundo em outras 17 localidades. O PMDB elegeu 13 e tem 16 em disputa. Com oito candidatos vitoriosos, o PSB disputa outras seis prefeituras com mais de 150 mil eleitores.

 

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