Datafolha contraria outras pesquisas e levanta suspeitas de manipulação

Para o ex-ministro Paulo Vannuchi, 'descolamento' de Serra em relação à Haddad pode estar ligado à preferência 'aberta' da Folha de S.Paulo pelo candidato tucano

São Paulo – Pesquisa Datafolha publicada hoje (20) – segundo qual José Serra (PSDB) teria aberto seis pontos de vantagem sobre Fernando Haddad (PT) na disputa pela prefeitura de São Paulo – gerou suspeitas, entre petistas e jornalistas que atuam nas redes sociais, de que os números possam ter sido manipulados pelo instituto de maneira a favorecer o candidato tucano a três semanas das eleições.

A pesquisa mostra Celso Russomanno (PRB) na liderança das intenções de voto, com 35%. Na segunda posição, Serra teria 21%, seguido por Haddad, com 15%. A “estranheza” se dá pelo fato de que todos os demais levantamentos, incluindo os trakings diários das campanhas, apontam empate técnico entre os dois, na casa dos 18%, com ligeira vantagem para Haddad.

Um dos que considerou o Datafolha “surpreendente” foi o ex-ministro Paulo Vannuchi. Em comentário para a Rádio Brasil Atual, Vannuchi lembrou que o instituto pertence às empresas do grupo Folha de S.Paulo, jornal que, segundo ele, “está abertamente alinhado à candidatura Serra”.

Para o ex-ministro, estas eleições estão se dando num clima de “verdadeira guerra”, motivo pelo qual ele não exclui a possibilidade de desvios estatísticos. “Em tempo de guerra, mentira é como terra”, disse, citando conhecido ditado.

Vannuchi falou de episódio ocorrido ontem no site da revista Época. No início da tarde, um dos colunistas da revista postou nota na internet afirmando que, segundo tracking do próprio PSDB, Haddad teria ultrapassado Serra pela primeira vez. Horas depois, a informação foi retirada do site sob o argumento de que a revista só publica informações de pesquisas registradas.

Ele ressaltou também que a própria Folha de S.Paulo anuncia, no pé da matéria sobre a pesquisa, que alterou o universo pesquisado (em relação aos levantamentos anteriores) e que, em razão disso, não há como afirmar que qualquer candidato cresceu ou diminui. O detalhe, conclui Vannuchi, foi ignorado pelo jornal na hora de fazer a matéria e pelos comentarista de rádio e TV que a repercutiram hoje de manhã. 

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