Presidente de CPI dos Incêndios em Favelas vê chance ‘muito remota’ de convocar Serra

Após reportagem da Rede Brasil Atual que mostrou que o ex-prefeito desativou programa de prevenção de incêndio, Ricardo Teixeira se reúne com assessores jurídicos e promete um posicionamento

Foram 32 ocorrências só neste ano, quase 600 desde 2008, mas a CPI dos Incêndios teima em não começar a investigação (Foto: Rubens Cavallari. Folhapress)

São Paulo – A possibilidade de chamar José Serra (PSDB) para depor na Comissão Parlamentar de Inquérito dos Incêndios em Favelas é “muito remota”, de acordo com o presidente da CPI, Ricardo Teixeira (PV), mesmo após a Rede Brasil Atual ter mostrado ontem (3) que o tucano desativou um programa de prevenção de incêndios em favelas vigente no governo de Marta Suplicy (PT).

“Ele era o chefe do Executivo e essas decisões vêm da Defesa Civil ou de secretários e é isso que a gente precisa checar. Em função da reportagem vamos solicitar alguma coisa, mas ainda é cedo para dar uma posição”, afirmou. Na tarde de hoje (4) Teixeira se reuniu com o setor jurídico da sua equipe para avaliar o que poderia ser feito. Ele se comprometeu a debater a questão com os outros membros da CPI: Aníbal de Freitas (PSDB), Edir Sales (PSD), Ushitaro Kamia (PSD) e Toninho Paiva (PR) e Souza Santos (PSD), todos da base do prefeito Gilberto Kassab (PSD), aliado de Serra.

Reportagem publicada na segunda-feira mostrou que a equipe de Serra desativou um programa criado em parceria com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), uma autarquia estadual, durante a gestão de Marta. Em 2009, foi aprovado na Câmara Municipal um projeto de lei na tentativa de reativar as brigadas contra incêndios em favelas, uma maneira de treinar os moradores para que trabalhassem rapidamente, evitando a demora da espera pelos homens do Corpo de Bombeiros. Mas o prefeito preferiu editar um decreto normatizando a questão e, de lá para cá, segundo as planilhas de orçamento, não destinou qualquer recurso ao projeto.

Procurados pela Rede Brasil Atual, os integrantes não deram resposta, à exceção da vereadora Edir Sales, que enviou por e-mail uma posição indefinida: “Todos os requerimentos de convocação devem ser apresentados no âmbito da comissão e votados pela maioria dos vereadores presentes”, informou. Toninho Paiva se negou a responder por telefone, Aníbal de Freitas informou, via assessoria de imprensa, que prefere não se manifestar, e Ushitaro Kamia e Souza Santos não responderam a solicitação.