Ex-vereador do PSDB de Goiânia e braço político de Cachoeira depõe à CPMI

Wladimir Garcez Henrique negou participação na organização criminosa e se absteve de responder a maioria das perguntas dos senadores

São Paulo – O ex-vereador e ex-presidente da Câmara de Goiânia Wladimir Garcez Henrique (PSDB) deixou temporariamente o presídio da Papuda, em Brasília, e foi hoje (24) prestar esclarecimentos à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga atividades ilegais de Carlinhos Cachoeira. Ele é apontado nas operações da Polícia Federal como braço político do bicheiro, e principal ponte entre o contraventor e o governador de Goiás, Marconi Perillo, também do PSDB.

Orientado por seu advogado, que se manteve o tempo todo ao seu lado, Wladimir prestou um depoimento no início da sessão e se negou a responder pouco mais de 15 perguntas do relator da CPMI, deputado Odair Cunha (PT-MG), e muitas outras de parlamentares que compõem o grupo de investigação. O depoente negou qualquer envolvimento com as atividades ilegais do bicheiro.

“Sem mandato eletivo, fui contratado pela Delta a prestar assessoria ao ex-diretor da empresa Claudio Abreu. Também assessorei o senhor Carlos Augusto Ramos, mas não participei de nenhum negócio ilícito”, disse o ex-vereador. 

Wladimir acusou ainda a Polícia Federal de manipular os documentos e as escutas telefônicas nos inquéritos. “Não posso falar de todas, mas nas que ouvi, percebi muitas modificações”, falou. Ele reclamou do fato de estar preso há 86 dias “longe da família, privado dos direitos constitucionais de ir e vir”.

Afirmando possuir “inúmeros contatos políticos” no Brasil, o ex-vereador negou aprofundar as explicações sobre sua rede de relações. O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) insistiu por diversas vezes em proferir perguntas buscando informações mais detalhadas, entretanto o ex-vereador da capital de Goiás repetia, também insistentemente: “Gostaria de exercer meu direito constitucional de me manter em silêncio”.

Vale a pena?

Depois do depoimento inicial de Wladimir, houve um pequeno debate entre os parlamentares se deveriam ou não proferir as perguntas aos depoentes, já que ele já havia demonstrado que iria responder apenas o que lhe conviesse. O presidente do colegiado, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), considerou o silêncio dos depoentes como “fato novo”.

O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) disse ser “ridículo quando parlamentares eleitos, às vezes por milhões de votos, indagam um suspeito e ele fica em silêncio” – se não há respostas, não há necessidade de se fazer perguntas. “Devemos devolvê-lo à cadeia”, disse o tucano. Para ele, as perguntas não respondidas servem para munir os advogados de defesa dos criminosos.

O deputado Silvio Costa considerou um erro convocar Cachoeira como o primeiro depoente, pois ele pautou o silêncio dos entrevistados seguintes. Ele também afirmou que a CPMI não passa de uma disputa partidária entre o PT e o PSDB.

 

Com informações da Agência Senado