Líderes do PMDB descartam sair do governo, mas dizem que manifesto é um “alerta”

De acordo com Romero Jucá, documento representa 'parte da bancada' e líderes já tratam de acalmar a base

Romero Jucá declarou que não há risco de o PMDB romper com o governo Dilma (Foto: Renato Araújo. Agência Brasil)

Porto Alegre – Líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR) declarou nesta sexta-feira (28) que não há risco de rompimento do PMDB com o governo de Dilma Rousseff. O comentário, feito durante a cerimônia de posse do novo ministro da Pesca, Marcelo Crivella, veio em resposta à repercussão de um manifesto, já assinado por 45 dos 76 deputados federais peemedebistas, que critica o PT e a forma como o governo conduz a relação com os aliados.

De acordo com Jucá, o documento – que ainda está colhendo assinaturas – representa a visão de “parte da bancada”, e que os líderes do partido já estavam se mobilizando no sentido de acalmar a base. Na quinta-feira (1º), Dilma Rousseff visitou o ex-presidente Lula em São Bernardo do Campo (SP) – encontro onde, segundo alguns analistas, discutiu-se alternativas para diminuir a insatisfação de setores da base aliada, além de dificuldades de agregar apoio à candidatura de Fernando Haddad à prefeitura de São Paulo.

O manifesto da bancada do PMDB teria nascido a partir de uma reunião do presidente nacional Valdir Raupp (GO) com deputados gaúchos da legenda, como Osmar Terra, Alceu Moreira e Darcísio Perondi. O texto, que será encaminhado oficialmente ao vice-presidente Michel Temer no começo da próxima semana, tem 25 linhas e critica uma suposta ação do PT no sentido de se tornar hegemônico no país.

“Nós estamos vivendo uma encruzilhada, onde o PT se prepara com ampla estrutura governamental para tirar do PMDB o protagonismo municipalista e assumir seu lugar como maior partido com base municipal no País”, diz o documento, que propõe um encontro nacional para o dia 25 de abril, envolvendo prefeitos, vereadores e presidentes de diretórios regionais da sigla.

Em entrevista ao Terra Magazine, Valdir Raupp descarta que o manifesto seja um mecanismo de pressão em busca de cargos no governo, além de insistir que não há intenção de sair da base de Dilma Rousseff. “É mais um alerta”, diz o presidente do PMDB, acrescentando que as insatisfações começam a partir de um “trabalho intenso” do PT no sentido de neutralizar candidaturas do PMDB a várias das principais prefeituras do Brasil. “Não queremos cargos, isso é secundário para mim e para grande parte do partido. O foco é 2012 e 2014″, enfatiza. O PMDB é o partido com o maior número de prefeituras do país – elegeu 1.203 governantes municipais nas eleições de 2008.

O líder do PMDB na Câmara Federal, deputado Henrique Eduardo Alves (RN), permitiu o avanço do movimento, sob a alegação de que o número de assinaturas já era expressivo e abortar o manifesto provocaria ainda mais problemas. Alguns nomes da cúpula peemedebista em Brasília, porém, questionam essa posição, alegando que ela coloca os deputados federais da sigla em rota de colisão com o vice-presidente Michel Temer. Além disso, seria uma espécie de tiro no pé do próprio Henrique Alves, que pleiteia a presidência da Casa a partir de 2013 e precisaria do apoio do PT para alcançar esse objetivo.

A ação de parte da bancada peemedebista coincide com movimentações de outros partidos importantes na coesão do governo Dilma, como o PSB, que voltou-se contra o governo na questão do fundo da previdência – apenas 10 dos 26 parlamentares socialistas votaram junto com a base de Dilma Rousseff. Enquanto isso, o PR ainda pleiteia o retorno ao Ministério dos Transportes, perdido após a saída de Alfredo Nascimento na metade do ano passado, e outras duas siglas (PTB e PSC) se uniram para pedir espaço no Ministério do Trabalho.

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