Carvalho considera natural tensão na base aliada e diz que é preciso serenidade

Ministro da Secretaria Geral da Presidência diz ter conversado com Lula, que classificou cura de câncer na laringe como “dia mais feliz da vida” e afirmou estar “pronto para a luta”

Para o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, tensão entre o governo e a base aliada é “natural” (Foto: Elza Fiúza/ Agência Brasil)

São Paulo – O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, afirmou hoje (28) considerar “natural” a tensão entre o governo e a base aliada no Congresso e que não vê motivo para preocupação.  

“Há momentos de maior animosidade e de menor animosidade. A gente considera muito natural, estamos aprendendo a ter muita serenidade para lidar”, disse Carvalho, após palestra em São Paulo. Ele evitou comentar sobre uma suposta mudança de postura ética de Dilma Rousseff em relação aos governos anteriores, afirmando apenas que a presidenta pretende elevar o nível da discussão. “A democracia é assim mesmo, um jogo que exige muita paciência, tranquilidade e objetividade. Não é isso que nos incomoda. Nossas preocupações estão em fazer a máquina do governo rodar com cada vez mais velocidade.”

Nas últimas semanas, os partidos da coalizão governista aumentaram o grau de acirramento com o Planalto, e chegaram a impor problemas à presidenta ao convocar ministros para falar sobre diversos assuntos em comissões da Câmara. Antes disso, a bancada do PMDB no Legislativo apresentou um manifesto pelo qual se queixava da distribuição de poder dentro do Executivo e do tratamento dispensado por Dilma às siglas da base.

Na última semana, os deputados ligados ao agronegócio se valeram da insatisfação dos colegas para condicionar a votação da Lei Geral da Copa à fixação de uma data para a apreciação do projeto que altera o Código Florestal, ponto de honra para estes parlamentares. Com isso, siglas da oposição e da situação se somaram para obstruir a pauta e atrasar a aprovação de projeto importante para o governo. Ontem (27), os líderes da Casa chegaram a acordo para apreciar hoje (28) a legislação relativa ao Mundial de 2014, e a proposta dos ruralistas ficou para abril.

O grande problema é chegar a um consenso em torno do Código Florestal. O texto aprovado pelo Senado no final de 2011 tem o apoio do Executivo e de algumas entidades ligadas à agricultura familiar, mas a bancada de representantes do agronegócio pretende promover alterações. “O Código deve ser expressão de uma síntese da sociedade brasileira, e não a visão de um ou de outro grupo”, advertiu Carvalho. “Queremos uma sintonia com a nova visão de desenvolvimento sustentável.”

Inicialmente, o governo esperava votar o projeto de lei apenas depois da Rio+20, a Conferência da ONU para o Desenvolvimento Sustentável, marcada para junho no Rio de Janeiro. Temia-se que a aprovação de um texto nocivo à preservação ambiental acabasse por ofuscar os esforços a serem apresentados aos representantes de outros países durante o encontro.

Lula

O ministro disse ter recebido na manhã de hoje uma chamada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva informando sobre o resultado dos exames feitos no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, que mostraram o desaparecimento do tumor na laringe. “Foi o dia mais feliz da vida dele. Agora está pronto novamente para a luta”, resumiu o titular da Secretaria-Geral.

Leia também

Últimas notícias