Kassab aproveita aniversário de SP para afagar Dilma, Temer, Alckmin e FHC

Cerimônia de entrega da Medalha 25 de Janeiro, criada pelo prefeito paulistano, foi marcada pela troca de gentilezas entre políticos

São Paulo – O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), aproveitou o aniversário de 458 anos da cidade para afagar algumas das personalidades mais importantes da República. Foram agraciadas com a Medalha 25 de Janeiro, criada por ele, a presidenta Dilma Rousseff, o governador paulista, Geraldo Alckmin, e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que em 2011 não pôde receber a sua porque estava em viagem.

Não satisfeito em homenagear a política do PT e o tucano, Kassab, famoso pela flexibilidade política, encarregou a distribuição das medalhas ao vice-presidente Michel Temer, líder do PMDB paulista, com quem deve se enfrentar ou se aliar nas eleições municipais de outubro. “Há homenagens que dispensam explicações, principalmente quando conferidas a líderes de indiscutível respeito”, explicou o prefeito em um breve discurso no qual ressaltou que todos os agraciados cumprem a missão de governar para os que mais precisam.

“O seu sucesso, o sucesso do nosso governo é o sucesso do Brasil”, acrescentou Kassab ao convocar Dilma para receber a medalha. O PSD, partido criado e presidido pelo prefeito, cresceu com base na atração de quadros insatisfeitos em outras siglas ou enfraquecidos na oposição.

Nascido em 2011, já reúne uma das maiores bancadas da Câmara, e diz promover apoio crítico à gestão federal, por enquanto negando-se a comandar ministérios. A presidenta não deixou por menos e teceu elogios às habilidades do presidente do PSD. “Queria fazer um agradecimento a essa figura capaz de agregar vínculos fraternos, republicanos de pessoas as mais diferenciadas, que é o prefeito Gilberto Kassab.”

A Medalha 25 de Janeiro foi criada à graça e maneira de Kassab: em três anos, foi entregue sempre, invariavelmente, a integrantes dos dois maiores campos políticos do Brasil. Na primeira edição foram homenageados o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva e então governador de São Paulo, José Serra. No ano seguinte, o ex-vice-presidente José Alencar e o ex-presidente Fernando Henrique.

É entre os dois grupos políticos que orbita Kassab. De olho em sua sucessão e na sobrevivência de seu projeto político pessoal, o prefeito ainda se decide entre apoiar um candidato do PSDB, bancar uma chapa própria e unir-se ao PT. Depois que este se definiu pelo lançamento da candidatura do ex-ministro da Educação Fernando Haddad, o presidente do PSD procurou Lula e ofereceu um quadro de sua sigla como vice, proposta que ainda está em avaliação.

 Kassab não nega, porém, que deixa este plano de lado caso José Serra se candidate pelo PSDB ou se os tucanos aceitarem apoiar o vice-governador Guilherme Afif. 

Se a medalha não é capaz de mudar os rumos das alianças nas eleições municipais, serve ao menos a uma troca pública de afagos. Kassab elogiou Dilma, Temer, Alckmin e FHC. Temer elogiou Kassab e Dilma, que elogiou Kassab. Alckmin lembrou o “saudoso” José Alencar e, como de praxe, elogiou Dilma, que elogiou Kassab, que elogiou Dilma, Temer, Alckmin e FHC.

 

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