PDT ensaia crise interna após acusações sobre o Ministério do Trabalho

São Paulo – Mesmo se não produzirem o efeito de escalada de denúncias até uma eventual queda de ministro, as acusações contra o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) já […]

São Paulo – Mesmo se não produzirem o efeito de escalada de denúncias até uma eventual queda de ministro, as acusações contra o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) já provocam os primeiros estragos. Os atritos surgiram dentro do próprio PDT, que detém a prerrogativa de indicação do titular do cargo, e do qual Carlos Lupi é presidente licenciado.

O líder da bancada do partido na Câmara Federal, deputado Giovanni Queiroz (PA), afirmou que a legenda pretende entrar com representação junto à Procuradoria-Geral da República (PGR) para demandar investigação sobre as denúncias. Em entrevista ao IG, ele seguiu a cartilha de pregar o esclarecimento e de manifestar confiança no correligionário.

A oposição defende o afastamento de Lupi, a exemplo do que já ocorreu com cinco dos seis ministros do governo da presidenta Dilma Rousseff que deixaram seus cargos de junho a outubro. O líder do PDT descartou a demissão e minimizou a ação de deputados como Miro Teixeira (PDT-RJ) que prometem solicitar explicações à Justiça. Queiroz disse que Lupi tem disposição para ir à Câmara “quantas vezes for convidado”.

O líder pedetista ainda fez críticas a seu colega Brizola Neto (RJ), afirmando que ele “gostaria de ser ministro” e estaria “brigado” com Lupi. O parlamentar fluminense publicou nota desmentindo a posição, e sugeriu que o líder estaria deixando-se usar como “moleque de recados” de grupos interessados em “queimar” Brizola Neto em meio ao desgaste no MTE.

“A não ser que o deputado Queiroz tenha a pretensão de interditar o debate interno do partido, de calar a opinião livre dos militantes sobre a vida partidária, não lhe reconheço o direito de questionar minhas posições internas nestas bases. Discordo que o partido seja continuamente administrado por comissões provisórias, sem eleições”, rechaçou o deputado fluminense.

A análise na Câmara é de que há uma relação ruim entre Lupi e parte dos deputados do PDT. Uma reunião da bancada com o ministro ocorreu na tarde de segunda-feira (7). Outros atritos pontuais se acumulam, como problemas no congresso do partido no Rio Grande do Sul, onde foram apresentadas críticas à condução da legenda.

No sábado (5), começaram a circular reportagens da revista Veja e do portal IG que sustentam que haveria um esquema de cobrança de propina envolvendo convênios com ONGs e a pasta. No mesmo dia, Lupi divulgou nota na qual afirma que afastou o assessor especial e coordenador-geral de Qualificação, Anderson Alexandre dos Santos, e que tomou providências para investigar o caso. Na segunda, o ministro afirmou que as organizações ouvidas sequer manteriam convênios com a pasta.

Desde junho, seis ministros do governo Dilma deixaram seus postos – cinco deles após acusações de corrupção envolvendo as pastas por eles comandadas. Antonio Palocci (Casa Civil), Alfredo Nascimento (Transportes), Wagner Rossi (Agricultura), Pedro Novais (Turismo) e Orlando Dias (Esporte) caíram nesse contexto. Nelson Jobim (Defesa) foi o único a deixar o posto por desgaste político. Uma reforma ministerial é esperada para o início de 2012, em função das eleições municipais e de eventuais insatisfações de Dilma com a condução do governo.