País que salva banco deveria garantir renda a famílias em extrema pobreza, diz Dilma

São Paulo – Ao fazer um balanço da reunião de cúpula do G20, na semana passada na França, a presidenta Dilma Rousseff defendeu que o combate à extrema pobreza seja […]

São Paulo – Ao fazer um balanço da reunião de cúpula do G20, na semana passada na França, a presidenta Dilma Rousseff defendeu que o combate à extrema pobreza seja prioridade diante da crise internacional. Para ela, países que socorrem bancos em dificuldades, perto de quebrar, podem também oferecer renda a famílias em condição de extrema pobreza. Ela voltou a defender, ainda, que a busca pela criação de empregos e a manutenção de direitos sociais seja priorizada, em vez da agenda adotada pelos países europeus, que vivem no centro da instabilidade.

As declarações foram feitas no programa semanal de rádio “Café com a Presidenta”. A reunião do G20, grupo dos países mais desenvolvidos, teve como principal preocupação as incertezas relacionadas à capacidade de países como a Grécia pagarem suas dívidas soberanas. O papel de nações emergentes nesse cenário e as formas de evitar que haja uma recessão prolongada foram discutidas.

“A crise econômica mundial, que está abalando, principalmente, os países da Europa e os Estados Unidos, não pode ser resolvida com desemprego e muito menos com a redução dos direitos trabalhistas. A questão do desemprego é extremamente preocupante”, disse Dilma. “O grande desafio para essa crise é o caminho para retomar o crescimento: o caminho do investimento, do consumo e da geração de empregos,” afirmou.

E foi além ao defender a proposta da Organização Internacional do Trabalho (OIT) que cria um Piso Mundial de Proteção Social para famílias extremamente pobres – as mais afetadas pela crise. “Se os países se dedicam a resgatar os seus bancos, podem muito bem oferecer renda para uma família em estado de pobreza extrema.”. Ela deixou claro que a ação não seria “filantropia”, mas “uma oportunidade para ela superar as dificuldades”.

A proposta da OIR teve inspiração no Programa Bolsa Família, uma das principais ações do governo brasileiro para a transferência de renda à população de baixa renda. A declaração final do G20 incluiu menção à importância de se criar uma rede de proteção para as populações mais vulneráveis. Dilma lembrou que os resultados desse tipo de recomendação depende de adaptação à realidade de cada país.

Durante sua participação na reunião da cúpula do G20, Dilma manteve a preocupação com o emprego como centro de seus discursos. Além de lembrar que o Brasil tem passo bem pela instabilidade, ao apostar no combate à pobreza e na melhoria de seu mercado interno – aquecido pela criação de postos de trabalho e por baixas taxas de desemprego –, Dilma defendeu que, como emergente, o país pode ajudar a superar a instabilidade.

“Ninguém ganha com a crise”, justificou Dilma. Ela lembrou que o crescimento da economia mundial tem sido mantido nos últimos anos pelos países em desenvolvimento, como China, Índia e Brasil. A presidenta disse que a receita para preservar o avanço econômico, apesar dos efeitos indiretos da recessão na Europa e nos Estados Unidos.

“O que é diferente entre nós e os países ricos que estão em crise é que temos uma economia sólida, temos bancos sólidos, controlados e regulados”, disse Dilma. Para ela, O Brasil não sofre com uma dívida elevada, e mantém reservas em moeda estrangeira de US$ 350 bilhões – empregada para operações de comércio exterior e para conter variações abruptas no câmbio.

Com informações da Agência Brasil e Reuters