Dilma diz que dinheiro do Brasil “não pode ser usado de qualquer jeito” pela Europa

Presidenta anuncia que fará contribuições a nações europeias em crise por meio do Fundo Monetário Internacional, considerado mais seguro

Dilma afimar que o Brasil deve dar um novo aporto ao FMI e não ao Fundo Europeu de Estabilização (Foto: Roberto Stuckert Filho/PR)

São Paulo – A presidenta da República, Dilma Rousseff, afastou nesta sexta-feira (4) qualquer possibilidade de o Brasil contribuir com o Fundo Europeu de Estabilização, criado para ajudar os países em crise. Ela apontou que o país dará novo aporte ao Fundo Monetário Internacional (FMI), uma forma de garantir a proteção brasileira no sistema global. 

“Faço a contribuição para o FMI porque dinheiro brasileiro de reserva é dinheiro que você protege, foi tirado com suor do nosso povo, então, não pode ser usado de qualquer jeito. Aportamos no FMI pelo fato de que o fundo nos dá garantias”, disse em entrevista coletiva, após o encerramento da reunião da Cúpula do G20, em Cannes, na França. 

Segundo a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, foram poucos os países que concordaram em dar verbas ao fundo europeu. Com isso, deve ficar para os próprios líderes europeus a tarefa de encontrar uma solução para a crise, que deve levar a recessão este ano e que afeta as demais nações. 

O Brasil estuda como fazer o novo aporte ao FMI, no qual pode passar a figurar como um dos dez maiores investidores. O país pode condicionar a liberação de recursos a um aumento de sua cota no fundo, hoje concentrado em mais de 50% dos votos em Estados Unidos, União Europeia e Japão. 

Durante a conversa com jornalistas, a presidenta cobrou uma mudança que reflita a nova correlação de forças do cenário global, uma posição compartilhada por outras nações emergentes, como China e Índia. “A crise afeta os emergentes de várias maneiras, por isso a gente considera a ampliação do Fundo Monetário importante para reduzir o risco sistêmico.” Dilma afirmou mais uma vez que a série de problemas nos países ricos pode acabar por afetar as nações em desenvolvimento caso a Europa não encontre uma saída rápida para a crise.

Outra questão sobre a qual não houve consenso diz respeito à taxação global sobre operações financeiras, cujos recursos seriam destinados a investimentos em questões sociais. “Tem países onde o serviço financeiro é a fonte principal de recursos. Eles são contra”, explicou a presidenta.