A exemplo do Pará, parlamentares estudam divisão do Mato Grosso

Para deputado federal, o estado já está 'dividido na caneta do governo'

Divisão do Mato Grosso em três territórios será discutido em audiência pública em dezembro (Arte: Rede Brasil Atual com Wikipedia)

 

São Paulo – A quase um mês de os paraenses decidirem em plebiscito se aprovam ou não a divisão do atual estado em três unidades da federação, a população do Mato Grosso pode passar pela mesma vereda. No próximo dia 3 de dezembro, parlamentares estaduais e federais planejam uma audiência pública na cidade de Porto Alegre do Norte (MT), a 1.160 quilômetros a noroeste da capital, para discutir uma possível divisão do estado, também em três novos territórios.

De acordo com o deputado federal Nilson Leitão (PSDB-MT), a região do Araguaia seria a mais favorecida caso o estado homônimo viesse a ser separado. Segundo ele, a região conhecida como “braço dos esquecidos” só é levada em conta em períodos eleitorais. O parlamentar ressalta também que o estado só parece ser importante ao Brasil quando se trata de sua produção de grãos, principalmente da soja, porém, o investimento em políticas sociais não acompanhou a aplicação de recursos públicos como na produção agrícola.

“Eu realmente não sou a favor de dividir estados, dividir famílias, mas infelizmente o Mato Grosso só aparece nos jornais como enriquecimento do Brasil se o assunto é soja”, lamenta o parlamentar. E completa: “O Mato Grosso já está dividido pela caneta dos governos”.

No entanto, há um outro setor que defende discussões dirigidas para novos e mais empenhados investimentos do Executivo e não para a divisão do estado. Para José Riva (PSD-MT), presidente da Assembleia Legislativa matogrossense, o debate poderia reivindicar mais investimentos para todas as regiões, pois, para ele, não é só a região do Araguaia que carece de investimento público.

Riva entende que os valores estimados para a criação de um novo estado – cerca de R$1 bilhão, em seus cálculos – são altos demais para que a medida ganhe apoio do governo federal. “É preciso aplicar valores e não dividi-los”, considera. Leitão reconhece que apenas com o “apadrinhamento” do governo federal poderia resultar em chances reais de divisão.

Já o presidente da Assembleia Legislativa  fala em oportunismo político daqueles que defendem a divisão, tanto por acreditar que nem a própria população tem levantado a possibilidade. “Acredito também que com esse plebiscito para opinar sobre a divisão do Pará foi claramente motivo de influência nas discussões aqui no Mato Grosso.”

O plebiscito no Pará levará os eleitores às urnas para opinar sobre a divisão do estado em três, com criação de outros dois territórios, de Carajás e de Tapajós. Os paraenses irão às urnas em 11 de dezembro deste ano, porém o resultado será apenas consultivo já que cabe à Câmara dos Deputados e ao Senado confirmarem ou não a decisão das urbas. É primeira vez no Brasil em que a criação de um estado é decidida em plebiscito.