Major Olímpio diz que venda de emendas faz parte do cotidiano na Assembleia Legislativa

Deputado estadual promete revelar ao Conselho de Ética da Casa, nome de entidade que recebeu proposta para participar do esquema e de parlamentar envolvido

Deputado estadual do PDT paulista Major Olímpio (Foto: Divulgação)

São Paulo – O deputado estadual Major Olímpio (PDT) afirmou nesta sexta-feira (14) à Rede Brasil Atual que fará revelações importantes sobre a polêmica de vendas de emendas pelos parlamentares da Assembleia Legislativa de São Paulo. Além de dizer que esse é um fato recorrente na Casa, ele também afirmou que revelará o nome de uma entidade que recebeu propostas para participar do esquema, além de denunciar um deputado que assegurou conseguir recursos extras para seu reduto eleitoral.

A polêmica surgiu a partir de uma entrevista na internet do deputado Roque Barbiere (PTB), afirmando que 25% a 30% dos deputados “vendem” a cota de emendas a que têm direito todos os anos em troca de parte dos recursos. O deputado licenciado e atual secretário de Meio Ambiente do estado, Bruno Covas (PSDB), em entrevista a um jornal – que posteriormente tentou desmentir -, endossou o colega e sugeriu ter ouvido rumores a respeito, citando até um exemplo que aconteceu com ele mesmo, quando um prefeito ofereceu-lhe uma propina de 10% de uma emenda no valor de R$ 50 mil.

Olímpio teve seu nome envolvido no caso após alegar que uma presidenta de uma entidade havia lhe contado que alguns deputados só disponibilizavam recursos através de emendas, se ela transferisse uma quantia em dinheiro a outra entidade que não estava regularizada e apta a receber a verba, muitas vezes vinculada ao próprio parlamentar que indicava a emenda.

Devido às revelações, ele foi convidado a prestar esclarecimentos no Conselho de Ética da Assembleia, na quinta-feira (20). “Vou levar o nome da entidade que me contou isso, falar tudo como as coisas aconteceram e o que ela (a diretora da entidade) me contou.”

O deputado afirmou ainda que o esquema de vendas de emendas é o tipo de coisa que todo mundo sabe, mas ninguém se manifesta a respeito. “Todo mundo sabe que isso faz parte do cotidiano da Casa, não sei se é um, três ou dez, mas existe. Ninguém fala porque é muito difícil produzir provas ou flagrar algum caso.”

O pedetista não pretende para por aí. Olímpio afirmou que pretende revelar também o nome de um deputado da base aliada do governo Alckmin que consegue tramar outras fraudes com os recursos das emendas. “Eu vou falar o nome de um deputado que me afirmou que tinha um jeito para conseguir mais emendas para o seu reduto eleitoral”, assegurou.

Olimpio é um dos apoiadores da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que visa investigar a irregularidade. Ele ainda disse que o sistema de emendas parlamentares no estado é “completamente podre”. Um dos motivos citados por Olímpio para demonstrar a ineficiência do processo, consiste no fato de ele não ter recebido nenhum centavo provindo dos recursos no ano de 2010, enquanto outros deputados do PSDB e da base aliada receberam muito mais que o permitido – R$ 2 milhões.

Confira abaixo a diferença de recursos liberados para os deputados da base aliada e da oposição. Vale lembrar que o PT, partido de oposição ao governo Geraldo Alckmin, é a sigla com o maior número de deputados da Casa.

Relação emendas parlamentares SP 2011