Líder do PR apoia Dilma em demissões, mas critica tratamento a parlamentares

Para deputado, presidenta poderá enfrentar problemas com o Legislativo no segundo semestre

São Paulo – O líder do PR na Câmara dos Deputados, Lincoln Portela (MG), elogiou as medidas da presidenta Dilma Rousseff em relação ao Ministério dos Transportes, mas reclamou do tratamento dado à base aliada. Com mais três servidores exonerados, o número de funcionários afastados do governo chegou a 16.

O deputado afirmou que Dilma foi “corretíssima” ao afastar as pessoas que supostamente estejam envolvidas em casos de corrupção. Para ele, a conduta adotada no episódio do Ministério dos Transportes deve valer para todos os partidos aliados. Entretanto, Portela alertou a presidenta quanto à forma com que a base aliada está sendo tratada. Segundo ele, caso não haja mudanças, Dilma poderá enfrentar problemas na condução dos trabalhos legislativos no segundo semestre. Segundo ele, o Executivo age com morosidade na liberação de emendas parlamentares, inclusive dos chamados “restos a pagar”, ainda dos orçamentos da União de 2008 e 2009.

“Na última hora a presidenta cede (ao pagamento das emendas) e os parlamentares ficam com fama de chantagistas. Não cabe ao Palácio do Planalto deixar transparecer a imagem de que somos chantagistas. A liberação das emendas é o cumprimento da lei orçamentária”, afirmou Portela.

O presidente do Conselho de Ética da Câmara, José Carlos Araújo (PDT-BA), concorda com a análise do parlamentar do PR. Segundo ele, a presidenta Dilma e os ministros isolaram os deputados de sua base no primeiro semestre. “Há uma queixa generalizada por causa do isolamento imposto por alguns ministros”. O pedetista acrescentou que “o tratamento tem que ser recíproco”, uma vez que os aliados votaram matérias fundamentais para o Executivo, de acordo com as orientações recebidas.

O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE) disse que “desde que não sejam cometidas injustiças”, não haverá qualquer problema na base no retorno do recesso parlamentar. Quanto à liberação das emendas parlamentares, ele destacou que boa parte dos restos a pagar dos orçamentos da União de 2008 e 2009 já foram liberados, e outras emendas deverão ser pagas no decorrer de 2011.

A uma pergunta sobre o temperamento da presidenta e se a forma como ela atuou nas demissões contribuiria para um isolamento em relação à base, o líder do governo no Congresso, Mendes Ribeiro (PMDB-RS), disse que “não vê nada disso”. Ele acrescentou que “respeita quem pensa assim”, mas não pode partir do princípio que o Congresso está distante da presidenta. “Isso não ajuda o Brasil.”

O perfil de Dilma, segundo interlocutores, exige mais atenção do próprio governo e do PT no que diz respeito ao medo de afastar parlamentares da base aliada, principalmente de partidos que já passaram por atritos ou ruídos entre a condução do governo, incluindo ministros, com deputados e senadores.

Com informações da Agência Brasil

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