Apesar de aproximação do PSD com base de Dilma, PT paulistano quer distância de Kassab

Encontro estadual autorizou alianças com o partido do prefeito da capital e deu origem a polêmica

Vereador Antônio Donato, presidente municipal do PT: “Em São Paulo não tem aliança” (Foto: Cesar Ogata / PT-São Paulo)

São Paulo – Antes mesmo da criação do Partido Social Democrático (PSD), liderado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, o apoio da nova legenda já está sendo disputado nos bastidores dos demais partidos. No sábado (18), em uma convenção do PT paulista, ficou claro o desejo da legenda em contar com apoio dos parlamentares da nova sigla na base aliada do governo da presidenta Dilma Rousseff. Durante o evento petista, que contou com a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, uma resolução que proibia coligação entre PT e candidatos do PSD em São Paulo foi submetida à votação dos participantes. Após a apuração de um empate, ficou estabelecido que o PT poderá apoiar ou receber apoio da nova legenda na futuras eleições municipais de 2012.

Ainda que nenhuma cidade específica tenha sido mencionada, o alerta foi aceso para o diretório paulistano do PT. Com ideias avessas às de Lula, o presidente do PT-SP, vereador Antônio Donato, garantiu que “em São Paulo não vai ter aliança com o PSD, isso já está aprovado”. No entanto ressaltou que “não vê o menor problema” na participação dos parlamentares que ingressarão no PSD na base aliada do governo federal.

A possibilidade também foi descartada por Kassab, que agradeceu ao PT  pela decisão de não proibir alianças com o seu PSD, mas também não negou coligação em âmbito nacional. Em sabatina ao jornal Folha de S. Paulo, nesta segunda-feira (20) o prefeito afirmou amigavelmente “que existe compreensão do PT em relação à importância do PSD no cenário da democracia brasileira”.

Mesmo com a negativa de uma associação com Kassab para São Paulo, há uma corrente no PT adepta do “quanto mais apoio melhor”, e tenta diminuir resistências enfrentadas por uma articulação até com o atual prefeito. Essa hipótese poderia parecer absurda para a maioria dos petistas. Mas muita gente interpretou nesse sentido as declarações de Lula no encontro de sábado. O ex-presidente instruiu os companheiros a “detectar os possíveis aliados para fazer frente aos antagônicos”.

A possibilidade de aproximação povoou o noticiário no início do ano, quando Kassab iniciou o cortejo a lideranças do PSB e do PCdoB, aliados históricos do PT. À época, a hipótese de uma aliança chegou a ser noticiada, mas descartada a seguir. Na última eleição municipal, em 2008, Kassab disputou o segundo turno com a ex-prefeita Marta Suplicy, atualmente senadora por São Paulo.

Kassab anunciou, no domingo (19), em seu perfil no Twitter, que já conta com mais de 1,2 milhão de assinaturas para a criação do PSD. Teoricamente só são necessários 500 mil nomes em apoio. A coleta é uma das etapas exigidas pela Justiça Eleitoral para o registro de uma legenda.

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