Deputado vê Bolsonaro como ‘eco’ da ditadura militar

Para o deputado Emiliano José (PT-BA), Bolsonaro emerge das “catacumbas” da ditadura militar (Foto:Brizza Cavalcante/Ag. Câmara) São Paulo – Após sucessivas declarações polêmicas na última semana, o deputado Jair Bolsonaro […]

Para o deputado Emiliano José (PT-BA), Bolsonaro emerge das “catacumbas” da ditadura militar (Foto:Brizza Cavalcante/Ag. Câmara)

São Paulo – Após sucessivas declarações polêmicas na última semana, o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) enfrenta fortes críticas até mesmo entre deputados de diferentes partidos. Parlamentares ouvidos pela Rede Brasil Atual exergam nele o retrato do passado autoritário que governou o país durante a ditadura militar.

Desde segunda-feira (28), quando foi ao ar uma entrevista concedida pelo deputado a um programa de TV, foi feita uma série de pedidos de abertura de processos na corregedoria da Câmara dos Deputados contra ele, por declarações racistas e homofóbicas.

“Ele é uma voz que emerge do fundo das catacumbas da ditadura militar”, sustenta Emiliano José (PT-BA). “Ele é uma espécie de eco.  Bolsonaro recupera todo o pensamento monstruoso e traz para os nossos tempos”, critica.

Para Brizola Neto (PDT-RJ), Bolsonaro é uma representação do passado de cultura de preconceito e de discriminação, “um passado que envergonha o país”, define. O pedetista, que subscreveu algumas das representações abertas contra Bolsonaro, vê claramente o racismo praticado pelo deputado. Para ele, é inadmissível que um parlamentar cometa um crime, especificado no código penal como inafiançável, e não conheça as leis “que nós mesmo somos responsáveis por criar”, destaca Brizola Neto.

Emiliano José acredita que as ações de Bolsonaro decorrem da não compreensão do mundo em que se vive hoje. “Eu diria que ele deve procurar um explicação pra essa raiva contra o movimento gay. Para (o psicanalísta austríaco Sigmund) Freud , essa raiva tem outra explicação, que talvez Bolsonaro se surpreenda ao se aprofundar”, ironiza.

Punição

Segundo Emiliano, Jair Bolsonaro “é o próprio contrassenso”. O petista considera que, devido às reincidentes declarações de Bolsonaro, é necessária uma punição efetiva, inclusive o afastamento da Comissão de Direitos HUmanos da Câmara, do qual Jair é membro. “Um deputado é livre para expressar sua opinião, mas não pode cometer crimes como ele cometeu. O de racismo e o de homofobia, que eu considero crime também.”

Já para Jandira Feghali (PCdoB-RJ), o deputado Bolsonaro pode se ver livre de punição pelo motivo de a Câmara dos Deputados sustentar um conservadorismo em ações semelhantes. Porém, os parlamentares deverão ter um cuidado maior para colocar limites a ele para que não organize a direita e seja visto como um herói na opinião pública.  “É preciso ter cuidado para não amplificar a voz dos idiotas”, defende a deputada.

“Eu acredito que a pressão vai ser muito forte para uma punição. E creio que se fará justiça”, defende o deputado Ivan Valente (PSOL-SP).