Base do governo será menos coesa nos próximos embates, prevê Diap

Unidade da base foi inédita na história do Congresso Nacional (Foto: JBatista/Agência Câmara) São Paulo –  Base articulada e condução impecável do debate com a oposição foram determinantes para o […]

Unidade da base foi inédita na história do Congresso Nacional (Foto: JBatista/Agência Câmara)

São Paulo –  Base articulada e condução impecável do debate com a oposição foram determinantes para o governo alcançar a vitória no primeiro embate da gestão no Legislativo, segundo Antônio Augusto de Queiroz, diretor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap). Para ele, a margem para a aprovação do novo salário mínimo não deve se repetir em futuros embates. O fato de a base de Dilma Rousseff ter alcançado uma unidade “jamais vista” em votações no Congresso Nacional não garante que as próximas articulações possam ser tão bem-feitas.

Após cerca de três meses de discussão e tentativas de acordo, o governo garantiu a aprovação, na quarta-feira (16), do valor de R$ 545 para o salário mínimo de 2011, além de uma política de reajustes até 2015. Mesmo com a tentativa das centrais sindicais de estabelecer o valor de R$ 560, a decisão do governo prevaleceu, garantindo uma vantagem de 240 a 270 votos para a base aliada.

Queiroz destaca, de um lado, a capacidade de articulação dos líderes do governo com os partidos que compõem a bancada e, de outro, a ação do presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT/RS). A primeira parte evitou dissidências e garantiu o grau inédito de unidade.

A condução dos trabalhos por Maia não excluiu representantes dos partidos de oposição do debate, permitindo que tentassem recursos para atrasar e questionar o texto, com base em termos regimentais e detalhes legais. “O presidente estabeleceu acordos de procedimento e permitiu que a oposição defendesse seu ponto de vista, que por sua vez se comportou de maneira magistrada”, definiu Queiroz.

Perspectivas

Apesar do êxito do conjunto de ações pontuais que resultou na vitória, o diretor do Diap acredita que, nas próximas votações, o governo não terá tanta tranquilidade. Por ser uma votação classificada como de “demonstração” pelo cientista política, a presença e o empenho de lideranças da base foram os diferenciais. Nas próximas votações, o patamar de assiduidade e de coesão entre os partidos tenderão a diminuir.

Em sua análise, o analista acredita que a oposição poderá, eventualmente, agregar 10 ou 15 votos nas próximas votações. No entanto, se o governo mantiver a economia em índices notáveis de crescimento e estiver de acordo com aquilo que foi pactuado com os partidos aliados, não serão surpreendidos com resultados distintos, como este da decisão do salário mínimo.

PDT e PMDB

Dois dos partidos da base governista foram protagonistas da votação, o PDT e o PMDB. Enquanto o primeiro, do deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (SP), teve nove dissidentes, o segundo votou 100% com o governo.

Para Queiroz, a posição de Paulinho foi estratégica, de um governista que precisava se justificar para sua base, da Força Sindical, da qual é presidente. O comportamento do PMDB é explicado pelo analista a partir da ação dos líderes da bancada. É justamente da legenda do vice-presidente Michel Temer que devem sair, na visão do diretor do Diap, os dissidentes nas próximas votações.

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