Serra nega ter prometido a empresas americanas mudar lei do petróleo

Para Serra, nada havia para “mudar de volta” (Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil-Arquivo) São Paulo – Em nota, o candidato derrotado à Presidência da República, José Serra (PSDB-SP), nega ter […]

Para Serra, nada havia para “mudar de volta” (Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil-Arquivo)

São Paulo – Em nota, o candidato derrotado à Presidência da República, José Serra (PSDB-SP), nega ter prometido alterar o marco regulatório do pré-sal caso fosse eleito. A carta foi publicada no jornal Folha de S.Paulo, e refere-se a telegramas vazados pelo Wikileaks, em que um diretor da norte-americana Chevron, uma das gigantes do setor no mundo, relatava ter tido esse compromisso do tucano.

“Esclareço que nunca me reuni com a companhia Chevron nem com qualquer outra do ramo”, escreveu. “Também não autorizei nenhum ‘assessor’ a conversar com representantes dessa ou de outras empresas em meu nome ou a interpretar a minha opinião sobre o marco regulatório da exploração de petróleo”, detalha.

Serra alega que a declaração não faz sentido pelo fato de que nem todos os quatro projetos de lei que compõem o novo marco regulatório que diz respeito às reservas da camada pré-sal não terem sido aprovados até aquele momento. “Não havia nada para ‘mudar de volta'”, afirma.

Na segunda-feira (13), tornaram-se públicos, por meio do site Wikileaks, telegramas de assessores da embaixada dos Estados Unidos no Brasil, que revelam o lobby de multinacionais sobre a discussão do pré-sal. O governo promoveu mudanças na legislação que ampliaram a ascendência do Estado sobre o setor, o que desagrava as companhias. Um diretor da Chevron teria dito que ouvira de um assessor de Serra a promessa de que a lei seria mudada, independentemente dos desejos do governo Lula.

“Deixa esses caras (do PT) fazerem o que eles quiserem. As rodadas de licitações não vão acontecer, e aí nós vamos mostrar a todos que o modelo antigo funcionava… E nós mudaremos de volta”, teria dito o então pré-candidato Serra a uma diretora da Chevron, em dezembro de 2009, segundo relata um dos telegramas obtidos pelo Wikileaks junto ao serviço diplomático norte-americano.

Durante a campanha eleitoral à Presidência da República, a privatização das reservas do pré-sal foi um dos temas abordados no segundo turno. As campanhas de Serra e de Dilma Rousseff (PT) trocaram acusações de que o concorrente havia promovido a entrega do petróleo a empresas estrangeiras.

Confira a nota de Serra publicada pelo jornal

A propósito do texto “Petroleiras foram contra novas regras para pré-sal” (Poder, 13/12), que menciona meu nome, esclareço que nunca me reuni com a companhia Chevron nem com qualquer outra do ramo. Nem sei quem é a representante da empresa citada no telegrama. Também não autorizei nenhum “assessor” a conversar com representantes dessa ou de outras empresas em meu nome ou a interpretar a minha opinião sobre o marco regulatório da exploração de petróleo.
A declaração no telegrama não faz sentido, porque o modelo de concessão não havia sido alterado à época de sua redação. Não havia nada para “mudar de volta”.
Eu nunca fiz tal declaração, cujos termos nem correspondem ao meu modo de falar com estranhos.

José Serra, ex-governador e candidato derrotado à Presidência da República deste ano

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