Bancada feminina mantém 45 deputadas na Câmara e tem leve aumento no Senado

Estudo do Diap destaca parentes de nomes tradicionais da política nacional. Apenas metade das atuais deputadas conseguiu reeleger-se

Nas eleições 2010, bancada feminina no Congresso pra(Foto: Rodolfo Stuckert/Agência Câmara)

São Paulo – A bancada feminina no Congresso Nacional a partir de 2011 terá poucas alterações em termos numéricos em relação à legislatura atual. Segundo levantamento do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), o Senado terá 12 mulheres, ante as atuais 10, enquanto a Câmara dos Deputados manterá as 45 parlamentares.

O resultado aponta que a mudança na legislação eleitoral promovido pela minirreforma eleitoral, aprovada em 2009, ainda não garantiu maior participação feminina. O texto reforçou a obrigatoriedade de os  partidos preencherem 30% das vagas com candidaturas de mulheres.

Foram nove eleitas ao Senado, em 3 de outubro, sete novas parlamentares: Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), Lídice da Mata (PSB-BA), Marinor Brito (PSOL-PA), Gleisi Hoffman (PT-PR), Ângela Portela (PT-RR), Ana Amélia Lemos (PP-RS) e Marta Suplicy (PT-SP). Apenas Lúcia Vânia (PSDB-GO) já é senadora, portanto foi reeleita. Já Ana Rita Esgário (PT-ES) assumirá o mandato em substituição a Renato Casagrande(PSB), eleito governador do Espírito Santo. Até hoje, apenas 33 mulheres já passaram pela Casa.

Como há candidaturas sub judice, ou seja, que ainda dependem de decisão judicial para serem validadas, o número total pode mudar. No Pará, há a possibilidade de contagem dos votos dos candidatos Jader Barbalho (PMDB) e Paulo Rocha (PT), o que pode significar a perda da vaga da senadora Marinor Brito (PSOL).

Entre as novatas no Senado, duas têm parentesco com políticos tradicionais: Marta Suplicy (PT-SP),  ex-mulher do também senador por São Paulo Eduardo Suplicy (PT) e Gleisi Hoffman (PT), mulher do ministro do Planejamento e ex-deputado federal Paulo Bernardo (PT).

Na Câmara, apesar de o número de mulheres permanecer igual, há renovação de metade dos nomes. Das deputadas, 23 foram reeleitas e 22 estreiam na Casa, embora tenham experiência na vida pública. A deputada distrital Érica Kokai (PT-DF), a ex-prefeita de Olinda Luciana Santos (PCdoB-PE), a vereadora do Rio de Janeiro Liliam Sá (PR) e a deputada estadual Mara Gabrilli (PSDB-SP) são alguns dos casos.

Ex-deputadas federais também retornarão na próxima legislatura. Jandira Feghali (PCdoB-RJ), por exemplo, esteve na Câmara por quatro legislaturas consecutivas, mas foi derrotada em 2006 na disputa ao Senado. Também do Rio de Janeiro, Benedita da Silva (PT-RJ), que já foi senadora e governadora do Rio de Janeiro. Luci Choinaki (PT-SC) completa a lista dos regressos, já que foi deputada federal por três vezes.

Também na bancada feminina na Câmara, configura-se em algumas mulheres o parentesco com políticos tradicionais. A voluntária social Nilda Gondim, eleita pelo PMDB da Paraíba, é filha do ex-governador da Paraíba Pedro Gondim. Ela também é mãe do atual deputado federal e senador recém-eleito Vital do Rego Filho (PMDB) e do prefeito de Campina Grande Veneziano Vital do Rego Segundo Filho.

Do Piauí, virá Iracema Portela (PP), esposa do atual deputado federal e senador recém-eleito Ciro Nogueira (PP). Compõe a bancada do Paraná Cida Borghetti (PP), esposa do atual deputado federal Ricardo Barros (PP), derrotado na disputa para o Senado. Professora Dorinha (DEM), uma das representantes do estado de Tocantins, é casada com o vereador de Palmas, Fernando Rezende (DEM). A ex-prefeita de Boa Vista Teresa Jucá (PMDB), que já exerceu mandato na Câmara Federal, foi casada com o senador reeleito Romero Jucá (PMDB).

Duas outras novatas têm sobrenome de peso na política. A estudante Bruna Furlan (PSDB-SP) é filha do prefeito de Barueri e ex-deputado federal Rubens Furlan (PSDB). A atual deputada distrital Jaqueline Roriz (PMN-DF) é filha do ex-governador do Distrito Federal Joaquim Roriz (PSC) e da candidata ao governo do DF Weslian Roriz (PSC).

Entre candidaturas que aguardam decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o único nome feminino é o de Janete Capiberibe, do PSB do Amapá.

Campeãs de votos

Entre as deputadas reeleitas há campeãs de votos em seus respectivos estados. Entre elas está Manuela D’Ávila (PCdoB-RS) que atingiu o quociente eleitoral do Estado que representa com o apoio de 482.590 eleitores gaúchos. Dona Íris (PMDB), reeleita em Goiás, obteve 185.934 votos, tendo atingido o quociente eleitoral do estado

A deputada reeleita Ana Arraes (PSB-PE), filha do governador de Pernambuco reeleito Eduardo Campos (PSB), teve 387.581 votos e alcançou o quociente eleitoral do estado.

Completam a lista das deputadas que conseguiram se reeleger com os próprios votos Elcione Barbalho (PMDB-PA, 209.635 votos), Fátima Bezerra (PT-RN, 220.355 votos), Marinha Raupp (PMDB-RO, 100.522 votos) e Teresa Jucá (PMDB-RR, 29.804 votos).

As sete deputadas integram o grupo de 35 parlamentares em todo o Brasil que foram eleitos ou reeleitos exclusivamente com suas votações nominais, ou seja, sem depender dos votos dados à legenda nem das sobras de outros candidatos de seu partido ou coligação.

Proporcionalmente, o estado que elegeu a maior bancada feminina foi o Espírito Santo. Dos dez representantes da unidade federativa, quatro são mulheres. Reelegeram-se Sueli Vidigal (PDT), Rose de Freitas (PMDB) e Iriny Lopes (PT). A novata Lauriete Rodrigues (PSC) completa a lista.

Estados com grande representação na Câmara elegeram poucas mulheres. Minas Gerais, por exemplo, só tem uma mulher na bancada de 53 parlamentares, a reeleita Jô Moraes (PCdoB). São Paulo tem seis mulheres entre os 70 representantes e Rio de Janeiro apenas quatro em um grupo de 46.