Cristina Kirchner felicita desafeto político por ter sido nomeado papa

Mario Jorge Bergoglio é uma das vozes mais críticas ao governo da presidenta e se opôs fortemente à aprovação da união civil entre homossexuais: 'É coisa do diabo'

Na Casa Rosada, Bergoglio e Cristina: relações críticas (Foto: Divulgação)

São Paulo – A presidenta da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, divulgou por sua conta de Twitter uma nota em que felicita o cardeal de Buenos Aires, Jorge Mario Bergoglio, por ter sido nomeado papa hoje (13) durante conclave realizado no Vaticano. Batizado como Francisco I, Bergloglio vai suceder o alemão Joseph Ratzinger, conhecido como Bento XVI, no comando da Igreja Católica. O religioso argentino é o primeiro latino-americano indicado para o cargo.

“Em meu nome, em nome do governo argentino e em representação do povo do nosso país, quero felicitá-lo por ter sido eleito como novo Sumo Pontífice”, escreveu a presidenta. “É nosso desejo que, ao assumir a condução da Igreja, tenha uma frutífera tarefa pastoral, desempenhando tão grandes responsabilidades em posse da justiça, igualdade, fraternidade e paz da humanidade.”

As congratulações burocráticas da presidenta refletem a relação que manteve com Bergoglio durante seu governo. Além de ser acusado como colaborador do regime militar argentino, o cardeal de Buenos Aires era uma voz crítica à administração de Cristina. Em 2010, quando o governo impulsionou um projeto para legalizar a união civil entre casais do mesmo sexo, Bergoglio escreveu uma carta em que classificava a iniciativa como uma “pretensão” para destruir o “plano de Deus”.

“Está em jogo a identidade e a sobrevivência da família: papai, mamãe e filhos”, continuava a missiva, endereçada a freiras do interior. “Está em jogo a vida de muitas crianças que serão discriminadas de antemão, privadas da maturação humana que Deus quis que ocorresse com um pai e uma mãe. Está em jogo o rechaço frontal à lei de deus, gravada em nossos corações.”

O cardeal advertiu a seus seguidores que não fossem ingênuos, e que estivessem alertas para o fato de que a aprovação da união civil entre homossexuais não era apenas uma luta política ou um mero projeto legislativo: “trata-se de um movimento do Pai da Mentira, que pretende confundir e enganar os filhos de Deus”, em referência ao diabo. Na época, o religioso foi duramente criticado pela presidenta.