Argentina volta a sentar ditadores no banco dos réus para julgar Operação Condor

Jorge Rafael Videla e Reynaldo Benito Bignone estão entre os 25 repressores que responderão pelo desaparecimento de 106 pessoas de diferentes nacionalidades – três delas no Brasil

São Paulo – Os ditadores argentinos Jorge Rafael Videla e Reynaldo Benito Bignone voltarão ao banco dos réus amanhã (5) em Buenos Aires, acompanhados de outros 23 repressores, para responder especificamente pelo desaparecimento de 106 pessoas perseguidas pela Operação Condor dentro e fora do país. De acordo com o diário Página 12, a maioria das vítimas desse caso é uruguaia, mas também há argentinos, paraguaios, chilenos e um peruano. Três deles desapareceram no Brasil.

Os 25 acusados serão julgados por sua participação local no operativo, que, inaugurado extraoficialmente em 1975, em Santiago, no Chile, articulou os regime totalitários do Cone Sul numa máquina de inteligência, sequestro e assassinato de militantes de esquerda que se opunham às ditaduras na região. Cerca de 450 testemunhas serão ouvidas pela Justiça argentina durante a apuração de responsabilidades. O julgamento deve durar dois anos.

“A denúncia avançou devido ao conceito de ‘crime continuado'”, explicou ao diário argentino o promotor Miguel Angel Osorio, que conduz as acusações. “Quando uma pessoa foi sequestrada e não é possível saber o que aconteceu com ela, se morreu ou continua viva, é como se o crime continuasse ocorrendo. Daí não é possível indultar nem anistiar os responsáveis. O Estado tem obrigação de interromper o delito. Depois, pode até anistiar. Mas, antes, tem de julgá-lo.”

Dos 25 repressores acusados, 23 estão sendo processados por associação ilícita e privação ilegal de liberdade. Não responderão por tortura ou assassinato, embora em muitos casos, diz o Página 12, esteja comprovado que as vítimas foram transladadas para outros países e mortas. “A Operação Condor eliminou as formalidades que costumam permear as relações internacionais para sequestrar pessoas”, explica Pablo Ouviña, promotor que elaborou as acusações.

“Há argentinos e chilenos sequestrando e torturando juntos.” Para Miguel Ángel Osorio, a nacionalidade de vítimas e repressores não importa tanto. “Importa se realmente atuaram executando esse plano de coordenação repressiva em nível continental ou mundial, porque também atuaram na Europa e nos Estados Unidos.”

Com infomações do Página 12

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