Venezuela condena ‘golpe’ contra Lugo e não reconhece novo governo

Presidente Hugo Chávez disse que a decisão do Senado paraguaio 'divide os povos das nações sul-americanas'

Chávez classificou impeachment como ‘uma farsa’ (Foto: Marco Castro/ONU)

Caracas – Horas após o Senado paraguaio aprovar ontem (22) o afastamento do presidente constitucional do país, Fernando Lugo, por 39 votos a quatro, o líder venezuelano Hugo Chávez condenou o impeachment e o classificou como uma “farsa”. Chávez falou pouco antes de receber o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, no Palácio de Miraflores, em Caracas.

“O governo venezuelano não reconhece esse ilegal e ilegítimo governo que se instalou em Assunção. Foi um golpe da burguesia paraguaia, que freia não só o processo de mudança no Paraguai, mas também divide os governos, os povos das nações sul-americanas”, afirmou o presidente venezuelano.

Chávez disse que conversou com os presidentes dos países do Mercosul, Dilma Rousseff, Cristina Kirchner (Argentina) e José “Pepe” Mujica (Uruguai) e o agora ex-presidente Fernando Lugo antes da votação do impeachment. “Fizemos o possível, respeitando a soberania paraguaia. Lugo, com coragem e dignidade, preferiu o sacrifício. Não permitiram que se defendesse”, lamentou o líder venezuelano.

Chávez disse que o ocorrido no Paraguai deve servir como uma “lição” para a América Latina. “Já começou a repressão”, sublinhou. Ele contou que os acontecimentos no Paraguai o lembraram da tentativa de golpe sofrida em abril de 2002: “Vendo as cenas me lembrei de quando estava na prisão e via na televisão a burguesia gritando ‘democracia!’. Foi igual em Assunção.”

O golpe em Honduras também foi recordado pelo presidente. “Mais uma vez a Unasul (União das Nações Sul-Americanas) foi golpeada, como no golpe contra Zelaya (Manoel). Não foi somente contra ele, ou Honduras, mas contra a Unasul”.

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