Dilma diz a Juan Carlos I que saída para crise mundial depende mais dos europeus

Em visita ao Brasil, o rei da Espanha disse que as dificuldades impostas à entrada dos brasileiros em seu país estão perto do fim

Dilma aposta em parcerias de alta tecnologia em engenharia biomédica, nanotecnologia, equipamentos de defesa e tecnologia da informação (Foto: Wilson Dias/Abr)

São Paulo – Durante encontro com rei Juan Carlos I da Espanha na manhã de hoje (4), a presidenta Dilma Rousseff enfatizou a amizade e a admiração dos brasileiros ao povo espanhol e a confiança na “criatividade” dos espanhóis para superarem a crise. “Estamos seguros de que os esforços para superação da crise europeia serão muito bem-sucedidos”, disse. Ela também citou avanços no encaminhamento de soluções reais para os problemas enfrentados por “viajantes brasileiros” na Espanha e o impulso à parceria estratégica bilateral.

O Brasil, disse a presidenta, sempre defendeu uma saída para a crise por meio do crescimento econômico com distribuição de renda, criação de empregos e esforços para combater a pobreza e promover a justiça social. Mas afirmou que a saída não pode depender apenas de medidas adotadas pelos países emergentes. “Em um momento de crise é fundamental insistir em uma ação coordenada e solidária entre todos os grandes atores da economia mundial, em especial, entre os próprios países da Europa”, apontou.

Na próxima Cúpula do G-20, no México, Dilma afirmou que vai destacar a importância do crescimento econômico juntamente com medidas macroeconômicas de estabilidade. “Não há incompatibilidade entre as duas, pelo contrário. É necessário o crescimento para que o ajuste não seja feito em detrimento dos interesses dos povos dos países europeus e dos povos de todos os países do mundo”, mencionou.

Cooperação

A presidenta citou possibilidades de avanço em trocas comerciais e cooperação em projetos de infraestrutura, energia e de compartilhamento de tecnologia. “O Brasil está se preparando para um salto de competitividade em sua economia. Para isso, é necessário um desenvolvimento acelerado de nossas capacidades científicas e tecnológicas”, expôs. Também há espaço para intercâmbio de pesquisadores e de implementação de projetos bilaterais em áreas de alta tecnologia, como engenharia biomédica, nanotecnologia, equipamentos de defesa e tecnologia da informação.

A Espanha, lembrou a presidenta, é o segundo maior investidor no Brasil, com um estoque de US$ 85,3 bilhões. O comércio bilateral atingiu, em 2011, cerca de US$ 8 bilhões.

A participação do governo espanhol na Rio+20 também foi bem recebida pela presidenta. “É de especial interesse para o Brasil, no plano multilateral, o diálogo entre a Espanha e o nosso país no âmbito da Rio+20. A conferência constitui oportunidade única para refletir sobre padrões de desenvolvimento para as próximas décadas, capazes de gerar crescimento econômico, com a inclusão social e proteção ao meio ambiente.”

Bem-vindos

O rei Juan Carlos I, que discursou após a presidenta Dilma, seguiu o tom da brasileira e destacou a relação de amizade entre o Brasil e a Espanha, além dos laços históricos e culturais. Também colocou o país à disposição para receber estudantes do programa Brasil sem Fronteiras, que concede bolsas de estudos em universidades do exterior.

Segundo o monarca, os brasileiros são bem-vindos à Espanha. Ele disse que as autoridades de seu país estão trabalhando para facilitar a entrada dos turistas. “Nosso país é um dos mais visitados por nossos amigos brasileiros. Sabemos que ocorreram alguns problemas nos últimos anos, mas as autoridades espanholas estão estabelecendo medidas efetivas e agilizando os trâmites para facilitar a entrada dos brasileiros”, disse Juan Carlos I.

Há dois meses, o Brasil adotou medidas de reciprocidade que aumentaram o rigor para o ingresso de espanhóis no Brasil. Após as medidas, o governo espanhol aceitou negociar mudanças nas exigências para a entrada de brasileiros na Espanha.

Com informações da Agência Brasil