Cristina retoma controle do Congresso e só perde em uma província

No cômputo geral, a presidenta obteve 53,9% dos votos, a maior votação desde a redemocratização do país, em 1983

Cristina Kirchner, reeleita e com maioria no Congresso (Foto: Pablo Busti/RBA)

Buenos Aires – O balanço final da contagem de votos das eleições argentinas apenas decantou e consolidou aquilo que já estava desenhado, ou seja, a vitória mais forte de um candidato. A presidenta argentina, Cristina Kirchner, saiu vencedora em 23 das 24 províncias e retomou a maioria no Congresso. No cômputo geral, ela obteve 53,9% dos votos, a maior votação desde a redemocratização do país, em 1983, e a maior diferença para o segundo colocado, Hermes Binner, que chegou a 16,87%.

As maiores margens de vitória foram impostas em Santa Cruz, província de nascimento do kirchnerismo, onde a presidenta obteve 74,7% dos votos válidos, 62 pontos à frente do segundo colocado no local, Raúl Alfonsín; em Formosa, outrora a província com maior percentual de miseráveis, onde atingiu 78,16%, frente a 14,89% de Alfonsín; e em Santiago del Estero, no noroeste, com 82%, 75 pontos de vantagem sobre o candidato da União Cívica Radical.

As vitórias foram mais apertadas nas províncias de Córdoba e de Santa Fé, centro dos grandes produtores de soja, a principal fonte da balança comercial neste momento. Além disso, Santa Fé é a província governada por Binner, que goza de boa avaliação local. A única derrota deu-se em San Juan, província do oeste argentino caciqueada por Alberto Rodriguez Saá, que teve 51% dos votos válidos, 20 pontos à frente de Cristina, mas o que lhe vale apenas 117 mil votos em um universo de mais de 20 milhões. 

“Há alguns fatores estruturais básicos. Oito anos de crescimento consecutivo, aumento de renda, redução da pobreza e do desemprego, balança comercial superavitária. Isso explicaria uma parte importante do êxito”, explica Diego Reynoso, professor e cientista político da Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais (Flacso). Ele considera que o importante foi a tomada de iniciativa política a partir de 2009, quando o kirchnerismo viveu sua maior crise, e a oposição o deu por enterrado.

Na ocasião, em meio a uma crise com os representantes do agronegócio que acabou por desgastar a imagem do governo com a população em geral, a coalizão oficialista Frente para a Vitória acabou derrotada nas eleições legislativas de meio de mandato, perdendo a maioria no Congresso. Desta vez, no entanto, a situação foi diferente. Computados os votos em todo o país, o bloco aliado à Casa Rosada terá 135 deputados, ou seja, a maioria. No Senado, somando-se a bancada própria com a de aliados, chega-se a 38 cadeiras, uma a mais que o necessário. 

Nas disputas locais, candidatos ligados ao oficialismo saíram vitoriosos em oito das nove províncias em disputa no domingo. Com isso, das 22 províncias disputadas, o kirchnerismo ou seus parceiros tiveram êxito em 17. “Cristina conseguiu fazer algo que nunca se havia feito dentro do Partido Justicialista, que foi ter a capacidade de armar todas as listas de deputados locais, coisa que antes faziam os governadores. Mostrou o poder que tinha. E que sabia usá-lo. Muitos votantes optaram por Cristina porque viram nela a capacidade de condução”, explica Reynoso.

 

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