Manifestantes chilenos entram no segundo dia de greve geral

São Paulo – Milhares de chilenos exigem mudanças profundas no modelo de economia neoliberal adotado pelo país no segundo dia de greve geral no país. De acordo com as autoridades, […]

São Paulo – Milhares de chilenos exigem mudanças profundas no modelo de economia neoliberal adotado pelo país no segundo dia de greve geral no país. De acordo com as autoridades, não houve registros de embates entre manifestantes e policiais, nem de violência. É a primeira vez que o Chile para por 48 horas desde a queda da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990). A mobilização amplia a pressão sobre o presidente do Chile, Sebastián Piñera.

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A greve geral obteve apoio dos principais partidos da oposição – reunida na Concertação, que governou o Chile nos primeiros 20 anos após o fim da ditadura, até 2010. As manifestações dos sindicatos engrossa a ação do movimento estudantil, que há três meses faz protestos em defesa da reforma da educação.

Pela primeira vez desde o início dos protestos a favor de uma educação gratuita e de qualidade, uniram-se ao movimento dirigentes políticos, entre os quais o presidente do Partido Socialista, Osvaldo Andrade, e o deputado Carlos Montes, da mesma legenda. Além disso, o ativista dos direitos humanos e ex-candidato à Presidência Tomás Hirsch e a ambientalista Sara Larraín se uniram à marcha.

Os trabalhadores exigem reformas constitucionais que alterem o modelo econômico em vigência, como o Artigo 119 que se refere à proteção absoluta da propriedade privada e põe o Estado em segundo plano. A Central Única dos Trabalhadores (CUT) do Chile defende ainda a intervenção estatal e a nacionalização de recursos naturais e da mineração – uma das maiores fontes de riqueza do Chile.

Para os trabalhadores, é fundamental também uma reforma tributária capaz de reduzir os impostos cobrados dos mais pobres e de elevar a contribuição dos mais ricos. Ao mesmo tempo, foi intensificada a campanha em favor do ensino superior gratuito e de mais investimentos em educação.

Atualmente os estudantes financiam os estudos, no ensino superior, por meio de empréstimos bancários, mas os juros são considerados elevados. Com isso, eles terminam o curso endividados e com dificuldades para honrar o pagamento. Mesmo as universidades públicas cobram mensalidades de seus alunos. As escolas secundárias públicas e gratuitas representam apenas 25% do total no país.

“A greve não paralisou o país inteiro, nem resultará numa reforma completa do sistema. Mas teve um efeito positivo: manteve a demanda dos estudantes, que conta com apoio popular, na agenda política”, disse o analista político e professor universitário, Guillermo Holzmann.

Segundo Holzmann, setembro será um mês de mobilizações porque os protestos estudantis coincidirão com duas datas importantes: 4 de setembro, aniversário da eleição do presidente Salvador Allende (1970-1973), e 11 de setembro, quando houve o golpe de Estado que instituiu a ditadura no país.

A série de manifestações e a greve geral ocorrem no momento em que Piñera enfrenta o menor índice de aprovação da opinião pública desde que assumiu o governo, em março de 2010.

Com informações da Agência Brasil, Publica e OperaMundi

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