Italianos rejeitam volta da produção nuclear e privatização da água

Berlusconi admite derrota e diz que resultados não podem ser ignorados

Ativista contra a energia nuclear comemora resultados de quatro referendos realizados na Itália (Foto: Stefano Rellandini/Reuters)

São Paulo – O primeiro-ministro italiano, Sílvio Berlusconi, reconheceu nesta segunda-feira (13) a derrota em “todas as questões” do referendo realizado no país. Quatro temas de interesse do governo foram rejeitados: a volta da produção de energia nuclear no país, a privatização do abastecimento de água, cobrança de serviços hídricos levando em conta o investimento e a imunidade judicial de ministros e governantes.

“Parece que a vontade dos italianos é muito clara em todas as questões deste voto”, afirmou Berlusconi, em comunicado oficial. “A alta afluência nos referendos demonstra uma vontade de participação dos cidadãos nas decisões sobre nosso futuro que não pode ser ignorada”, completou. Governo e parlamento vão aceitar os resultados.

Resultados parciais divulgados pelo Ministério do Interior da Itália, informam que entre 95% e 96% dos eleitores votaram sim para revogar as leis do governo sobre a privatização dos serviços de abastecimento de água, a definição das tarifas do serviço hídrico, a volta da produção de energia nuclear e a possibilidade de invalidar a lei que permite ao presidente do Conselho de Ministros e aos ministros se ausentarem dos tribunais alegando compromissos institucionais.

Com cerca de 52 mil das 62 mil sessões eleitorais apuradas, 95% dos participantes também é favorável à perda da imunidade penal do primeiro-ministro, ou ao fim da lei do “legítimo impedimento”. No que diz respeito à energia nuclear, 94,6% dos eleitores são favoráveis à revogação da lei que reintroduziria a produção a partir desta matriz. 

Segundo o Ministério do Interior, 57% dos italianos participaram das consultas. O quórum mínimo necessário era de 50% mais um dos eleitores registrados. Há 16 anos que essa marca não era obtida em referendos.

“A Itália provavelmente, como consequência de uma decisão que o povo italiano está tomando nestas horas, deverá dizer adeus à questão das usinas nucleares e, portanto, teremos que nos comprometer fortemente com o setor das energias renováveis”, afirmou Berlusconi em Roma ao término de um encontro com o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu.

Centenas de pessoas festejaram hoje, ao final da tarde, em Roma, a mobilização inédita registada no referendo promovido pela oposição, com alguns manifestantes declarando o resultado como um indicador “da maior responsabilidade do povo italiano”.

Com informações da Agência Brasil e do OperaMundi

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