Manifestantes ignoram advertência e intensificam protestos na Síria; ONU lança investigação

Brasília – Manifestantes desafiaram nesta sexta-feira (29) a proibição das autoridades da Síria de promover protestos e foram às ruas, em várias cidades do país, para criticar o governo do […]

Brasília – Manifestantes desafiaram nesta sexta-feira (29) a proibição das autoridades da Síria de promover protestos e foram às ruas, em várias cidades do país, para criticar o governo do presidente Bashar Al Assad. O organismo máximo de direitos humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) lançou uma investigação sobre assassinatos e outros crimes atribuídos ao governo.

O fórum de 47 membros, que realizou uma sessão de emergência a pedido dos Estados Unidos, aprovou a resolução apresentada pelos próprios norte-americanos por 26 votos a favor, nove contra e sete abstenções. Argentina, Brasil, Chile, Gana e Zâmbia estão entre Estados-chave dando seu apoio à resolução do Ocidente. Mas China, Rússia e Paquistão votaram contra, denunciando interferência nos assuntos internos da Síria e acusando o conselho de usar dois pesos e duas medidas.

Cinco delegações, incluindo Arábia Saudita, Jordânia, Catar e Bahrein, estavam ausentes no momento da votação, que ocorreu após intenso debate e negociações de bastidores que levaram a mudanças no texto final. “Os Estados membros se uniram para condenar o uso de táticas brutais utilizadas pelo regime de Assad para silenciar a dissidência pacífica”, disse em comunicado a embaixadora de direitos humanos dos EUA, Eileen Donahoe.

“Em geral, é um bom resultado, sabíamos que haveria concessões”, disse à Reuters Radwan Ziadah, um exilado sírio que dirige o Centro de Damasco para Estudos de Direitos Humanos. “Ao mesmo tempo, a ausência de certos países foi muito reveladora. Catar, Arábia Saudita, Barein e Jordânia, quatro países árabes, isso nos informa quanto o regime sírio está isolado. É um passo muito importante para nós”, acrescentou Ziadah, professor visitante da Universidade George Washington, que veio à Genebra para a sessão.

Forças sírias são acusadas de matar 15 pessoas ao disparar contra os milhares de manifestantes que tentavam entrar na cidade meridional de Deraa, o centro de uma revolta de seis semanas contra Assad. Um grupo de direitos humanos sírio disse nesta semana que pelo menos 500 civis foram mortos desde que distúrbios eclodiram em Deraa em meados de março. Autoridades refutam esse número de mortos.

A Anistia Internacional afirmou que as forças sírias estavam cometendo graves violações com total impunidade e manifestaram a sua preocupação sobre o destino de centenas de pessoas mantidas sob custódia.

Protestos

Uma das maiores concentrações de protestos nesta sexta foi em Deraa, no Sul, que se transformou em referência nacional para manifestações. Segundo militantes dos direitos humanos, sete pessoas foram mortos e muitos ficaram feridos por tiros disparados pelas forças de segurança na entrada de Deraa. Na cidade, quatro soldados foram mortos hoje e dois sequestrados, de acordo com a agência oficial síria, Sana.

Houve manifestações por todo país: em Damasco, Sabqa, Homs, Banias, Qamichli, Horan e Latakia. Há seis semanas, uma onda de manifestações toma conta da Síria. Na última sexta-feira (22) houve o pior dos protestos que provocou cerca de 100 mortes.

As autoridades sírias advertiram os cidadãos para que não participassem de manifestações sem autorização oficial. “As leis em vigor serão aplicadas a fim de preservar a segurança dos cidadãos e a estabilidade do país”, divulgaram as fontes oficiais do governo Assad.

Em Damasco, Horan e Latakia, as forças de segurança também dispararam contra os manifestantes, embora não haja até ao momento informação sobre vítimas. Em Deir Ez Zor, a 460 quilômetros de Damasco, as manifestações também foram reprimidas.

Com informações da Agência Brasil e Reuters

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