AIEA nega piora em usina nuclear e empresa tenta religar reator para acionar bombas de água

Em último caso, usina de Fukushima Daiichi pode ser enterrada como foi Chernobyl, o que tornaria inabitável parte do território japonês (Foto: Divulgação Tokyo Electric Power Co.) São Paulo – […]

Em último caso, usina de Fukushima Daiichi pode ser enterrada como foi Chernobyl, o que tornaria inabitável parte do território japonês (Foto: Divulgação Tokyo Electric Power Co.)

São Paulo – A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) da Organização das Nações Unidas (ONU), responsável por fiscalização o uso de tecnologia nuclear, negou que as condições na usina nuclear de Fukushima, no Japão, estivessem piorando. O organismo admitiu, nesta sexta-feira (18) que a situação é grave, em decorrência dos danos provocados pelo terremoto de de 9,0 graus na escala Richter, de uma semana atrás.

A empresa responsável pela usina de Fukushima, Tokyo Electric Power Co., informou que existe a possibilidade de se enterrar a usina caso as ações de resfriamento não surtam efeito. A medida estudada por engenheiros japoneses envolve usar areia e concreto para cobrir o grande complexo, erguido há 40 anos. Isso seria um último recurso para evitar uma liberação de radiação de proporções catastróficas. Foi o método empregado em Chernobyl em 1986 para selar vazamentos enormes, o que faria uma parte do Japão ter acesso proibido a pessoas por décadas.

Foi a primeira vez em que a empresa reconheceu a possibilidade ser necessário enterrar reatores, o que pode ser um sinal de que medidas isoladas podem não funcionar. Antes disso, porém, eles afirmam ter esperanças de resolver a crise ao conectar um cabo elétrico a dois reatores até este sábado. Isso permitiria religar as bombas de água necessárias para resfriar os bastões de combustível nuclear superaquecidos. Trabalhadores também regaram com água o reator três, o mais crítico dos seis da usina.

Mesmo que os engenheiros consigam religar o fornecimento de eletricidade à usina Fukushima Daiichi, é possível que as bombas tenham sido muito danificadas pelo terremoto, o tsunami e as explosões subsequentes para conseguirem funcionar. O primeiro passo será levar a eletricidade às bombas dos reatores um e dois, e, possivelmente, o reator quatro, até sábado, disse Hidehiko Nishiyama, porta-voz da agência de segurança nuclear japonesa.

O Japão elevou a classificação de gravidade da crise nuclear do nível quatro para cinco na escala internacional de risco (INES, na sigla em inglês), que tem sete níveis. A gradação equipara o caso ao acidente ocorrido na usina nuclear de Three Mile Island, nos EUA, em 1979, embora alguns especialistas considerem que é mais grave que este. Chernobyl chegou ao nível sete na escala.

“A situação nas usinas nucleares de Fukushima Daiichi continuam muito sérias, mas não houve piora significativa desde o último informe (de quinta-feira)”, disse Graham Andrew, autoridade da AIEA. “A situação nos reatores nas unidades um, dois e três parecem continuar relativamente estáveis”, completou.

Os mortos confirmados pelo terremoto e o tsunami já são cerca de 6.500, e ainda há 10.300 desaparecidos; teme-se que muitos destes estejam mortos. Além do terremoto, o tsunami de 10 metros de altura causou muitos danos na região nordeste do país. Cerca de 390 mil pessoas, entre as quais muitos idosos e crianças, estão desabrigadas e enfrentam temperaturas próximas a 0º C em abrigos improvisados nas áreas costeiras do norte do país. Faltam comida, água, medicamentos e combustível para aquecimento.