Brasil, Irã e Turquia fecham acordo sobre troca de urânio enriquecido

Para as autoridades, o acordo encerra o impasse envolvendo o programa nuclear iraniano e deve por fim às sanções internacionais contra o país

Lula cumprimenta o Líder Supremo do Irã, Aiatolá Ali Khamenei, durante encontro em Teerã (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

Teerã e Brasília – Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Mahmoud Ahmadinejad, do Irã, além do primeiro-ministro da Turquia, Tayyip Erdogan, fecharam nesta segunda-feira (17) o acordo para que o urânio iraniano levemente enriquecido seja enviado ao território turco e, em troca, o país receba o produto enriquecido a 20%.

Pelo acordo, o urânio enriquecido a 20% será remetido no prazo de um ano. Nesse período, haverá supervisão de inspetores turcos e iranianos.

O acordo foi assinado por Lula, Ahmadinejad e Erdogan durante reuniões paralelas do G15 (grupo que reúne 18 países não alinhados) em Teerã. Para as autoridades, o acordo encerra o impasse envolvendo o programa nuclear iraniano.

Ahmadinejad, porém, quer conversar sobre os acordos e as garantias para o Irã por parte do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Segundo diplomatas que acompanham as negociações, o presidente iraniano pretende obter garantias dos países que integram o conselho – Estados Unidos, França, Inglaterra, China e Rússia.

Aval

O acordo firmado em Teerã, definindo o envio do urânio do Irã para ser enriquecido a 20% na Turquia, deve ainda ser submetido à análise do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).

Paralelamente, os integrantes da Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea) farão uma avaliação dos termos do acordo e de sua execução. A decisão firmada hoje (17) faz parte das negociações políticas, mas faltam questões técnicas e garantias.

Os diplomatas que acompanham as negociações afirmam que é necessário obter garantias do Irã de que os termos do acordo serão colocados em prática. Só assim, afirmam eles, será possível encerrar de forma definitiva o impasse em torno do programa nuclear iraniano.

Os integrantes permanentes do Conselho de Segurança na ONU – Estados Unidos, Rússia, França, Inglaterra e China – e os inspetores da Aiea vão verificar a aplicabilidade e o cumprimento de regras internacionais de segurança nuclear. A conduta é motivada pela desconfiança de parte da comunidade internacional sobre o Irã.

A aprovação de sanções no conselho exige voto favorável de todos os membros permanentes do órgão. Para os governos dos Estados Unidos, da Inglaterra, da França e da Alemanha, o programa nuclear iraniano esconderia a produção de armas atômicas.

No entanto, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, nega as acusações. Segundo Ahmadinejad, o urânio enriquecido será usado para fins pacíficos, como medicamentos e programas hospitalares. O governo brasileiro sempre defendeu a busca pelo diálogo do Irã com a comunidade internacional e o direito de os iranianos desenvolverem um programa nuclear próprio.

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