Prefeitura responde às reivindicações da ELT

Em nota oficial principais reivindicações da comunidade artística não são atendidas; manifestação dos aprendizes da ELT ocorre nesta quinta-feira na Câmara municipal

A assessoria de comunicação da Secretária de Cultura, Esporte e Lazer da Prefeitura de Santo André enviou nota oficial na manhã desta quinta-feira (17) à Rede Brasil Atual em resposta às reivindicações da comunidade artística da Escola Livre de Teatro (ELT).

Na carta, assinada pelo Secretário de Cultura, Edson Salvo Melo, os principais pedidos dos aprendizes com a readmissão do coordenador pedagógico, Edgar Castro, afastado na terça-feira (8) e a substituição da coordenadora administrativa do ELT – ligada ao executivo – Eliana Gonçalves não foram atenditos.

Já na reunião na tarde desta quarta-feira (17), entre a comissão da ELT com o diretor de cultura, Pedro Botaro, havia a indicação de que parte das reivindicações não seriam aceitas.

A escola continua com sem aulas desde a última terça-feira, em estado de assembléia permanente e com diversas ações programadas. Na tarde desta quinta-feira (17), os aprendizes se reúnem na Sessão Plenária da Câmara de Vereadores da cidade para defender no espaço da Tribuna Livre o projeto. 

Artistas como Maria Alice Vergueiro, Leona Cavali, Antonio Feltrin e Marcelo Tas, vereadores e inúmeras companhias de teatro apóiam as manifestações dos alunos da ELT que mantém o blog “ELT em Alerta” onde é possível encontrar mais informações e a carta entregue ao Secretário de Cultura. Leia a nota oficial enviada pela Secretaria de Cultura.

A comunidade da Escola Livre de Teatro

A atual administração da Prefeitura de Santo André NUNCA teve a intenção de fechar a Escola Livre de Teatro, e desde o primeiro dia de trabalho manteve todos os investimentos para preservar o projeto dinâmico responsável por tornar nossa escola como um dos mais importantes laboratórios para o teatro paulista, em total sintonia com a carta assinada pela Comunidade ELT.

A responsabilidade do governo instituído, legitimada pelo processo democrático eleitoral, é a de conduzir as políticas públicas municipais nas mais diversas áreas e realizar a administração do município. Esta é uma prerrogativa necessária ao bom andamento dos programas e projetos propostos, cuja ferramenta compreende a livre escolha de nomes para a realização destes trabalhos.

Estamos preservando todo o processo pedagógico e artístico elaborado no decorrer das décadas de existência da Escola Livre de Teatro de Santo André, ressaltando que uma escola livre não pode estar subordinada a um modelo pedagógico específico, porque isto já pressupõe o seu enrijecimento. O processo artístico da criação deve ser livre para todas as abordagens pedagógicas: humanista, construtivista, tradicionalista, tecnicista, inclusive a democrática. A Escola Livre de Teatro nasceu como núcleo de pesquisa, sob o olhar apurado de Maria Thaís, recebendo pessoas que estavam em processo acadêmico e se mostraram grandes pesquisadores da arte cênica, dando origem a intensidade criativa da Escola e hoje estão consagrados na cena teatral brasileira. Isto SERÁ mantido.

Ao assumir a Prefeitura de Santo André investimos R$ 360 mil na Escola Livre de Teatro para contratação de professores, além de enviarmos 4 funcionários ao Teatro Conchita de Moraes para complementar as funções de manutenção e utilização do equipamento parados, apoiamos as produções oriundas da Escola Livre com divulgação própria e ainda realizamos, de forma pioneira, um Encontro de Artes Cênicas, chamado de ENCASA, aportado pelo Fundo Municipal de Cultura, que reuniu diversas companhias andreenses (muitas formadas por ex-alunos da ELT).

Entendemos que determinadas posturas podem ser revistas, desde que pautadas sempre no mecanismo que mais é prezado pela Comunidade ELT em sua carta: o diálogo. Atendemos e atenderemos à Comunidade ELT em sua reivindicação principal: a manutenção do projeto e da Escola Livre de Teatro, não abrindo mão, contudo, da prerrogativa administrativa e legal de indicarmos sua coordenação.

Em relação a carta enviada pela Comunidade ELT, responderemos todos os itens

1 – Eliana Gonçalves é uma profissional com carreira dedicada à pedagogia do ensino e às artes cênicas. Tem 35 anos de carreira artística e 28 de magistério, tendo recebido seu primeiro prêmio de direção teatral aos 17 anos. Conhecer o processo criativo que a ELT adota, contudo, é um caminho diário que deve ser trilhado para o profissional artista que pretende atuar dentro da Escola. Por isso, concordamos com a comunidade que este conhecimento deve ser aprofundado e trabalhado para um melhor entrosamento e afinamento entre os alunos, a coordenação e os professores.

2 – Vamos estipular um comando tríplice dentro da Escola, que pressuponha a inserção de um funcionário de carreira que guardasse o histórico do equipamento e as definições burocráticas, o coordenador administrativo e o supervisor pedagógico responsável pela manutenção do projeto.

3 – Em complemento ao item anterior, estipulamos que as assembléias e demais momentos decisórios, juntamente com os alunos e professores devam contar com a presença da coordenação para que decisões tomadas não atrapalhem o processo criativo pedagógico. Determinadas posições, principalmente em relação ao espaço físico, podem e serão reavaliadas em conjunto com os demais membros da comunidade ELT.

4 – Apesar de alegar falta de resposta ao diálogo, a própria carta da Comunidade ELT afirma claramente que esta secretaria nunca se furtou ao diálogo. A posição da coordenação deve ser espelho do que foi tratado pela secretaria e será monitorada para que isso aconteça.

5 – As especificidades do trabalho de pesquisa e do processo criativo serão respeitadas, e os casos em que as designações administrativas estiverem em desacordo com as necessidades prementes deverão ser discutidos baseados no bom senso e no consenso.

6 – Nunca existiu, por parte do governo, a intenção de se desmembrar física e administrativamente o teatro que serve de sede para a Escola Livre de Teatro e a Escola. Existia o desejo de que o Conchita de Moraes fosse mais aberto à comunidade, mas de forma a contemplar trabalhos que dissessem respeito ao universo que cerca a ELT. Esse equívoco na comunicação já foi amplamente debatido pelo secretário em todos os encontros com os aprendizes, tanto que possivelmente no decreto que organizará a Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer passe a constar a palavra escola no nome do teatro Conchita de Moraes.

7 – O processo de contratação dos professores ocorre por notória especialização a fim de que se tenham no quadro artistas renomados que possam transmitir seus conhecimentos práticos aos aprendizes. Dentro do quadro temos vários profissionais graduados, mas a essência do processo é justamente permitir que a graduação não seja fato impeditivo à contratação. Este é outro ruído que também já foi amplamente debatido e esclarecido.

8 – A grade de horários dos cursos é formada em conjunto com os aprendizes, professores e coordenação. O processo deve ser mantido para que a essência do projeto permaneça. É outro item que não será alterado, como também foi explicado á Comissão.

9 – Realizamos a criação na última organização administrativa de funções gratificadas para organizar os equipamentos e espaços culturais, valorizando o funcionário de carreira. Contemplamos funcionários de carreira para a Escola Livre de Teatro e o Teatro Carlos Gomes que nunca tiveram nenhuma gratificação salarial para trabalharem nestes equipamentos de cultura.

10 – Não pretendemos adequar a Escola Livre de Teatro em nenhum padrão inapropriado. A Escola é livre em seu nome e sua essência e por isso mesmo, conforme falamos acima, não devem estar subordinados a padrões que cerceiem a liberdade criativa e artística.

Atenciosamente,

Edson Salvo Melo
Secretário de Cultura, Esporte e Lazer da Prefeitura de Santo André

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