Bienal de São Paulo espera levar 1 milhão de pessoas para ver ‘política da arte’

Preparativos para a abertura da 29ª Bienal de São Paulo (Guilherme Lara Campos/Fotoarena/Folhapress) São Paulo – Com obras de 160 artistas de diversas partes do mundo, a 29ª Bienal de […]

Preparativos para a abertura da 29ª Bienal de São Paulo (Guilherme Lara Campos/Fotoarena/Folhapress)

São Paulo – Com obras de 160 artistas de diversas partes do mundo, a 29ª Bienal de São Paulo espera levar 1 milhão de pessoas a ter contato com a “política da arte”. Nesta edição, o foco é aproximar o evento cultural do cotidiano das pessoas. “A arte não pode ser dissociada do que está acontecendo na realidade”, ressalta o presidente da bienal, Heitor Martins.

Nessa linha, a obra Testemunhos do Relâmpago, do indiano Amar Kanwar, relembra os conflitos entre Paquistão e Índia na região fronteiriça da Caxemira. Em várias telas são exibidos simultaneamente relatos de abusos contra mulheres.

O quarto escuro no qual são exibidos os filmes parece ser guardado por mulheres negras de metralhadora em punho que estão desenhadas na parede externa. São as pinturas da série Cenas da Vida de Njinga Mbandie, do inglês Kimathi Darkar. As obras fazem referência a uma rainha angolana do século 17.

A política é o tema retratado nas gravuras em tamanho quase real de Gil Vicente. O pernambucano, homônimo do dramaturgo português, é o criador dos desenhos feitos com carvão em que se autorretrata assassinando líderes mundiais, como o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-presidente dos Estados Unidos George Bush, e o papa Bento XVI.

As gravuras expressam a completa desilusão do artista, que não costuma retratar questões sociais, com a política. “Da presidência à menor prefeitura, todos os políticos roubam”, afirma. Vicente atribui a miséria e a desigualdade social à falta de honestidade dos homens públicos. “Acho um absurdo a quantidade de gente sem esperança que existe no mundo todo”, lamenta.

Alegando que as obras incentivavam o crime, a Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo chegou a pedir que os desenhos fossem retirados da exposição. Para o artista, a solicitação apenas deu mais visibilidade ao trabalho.

Para o presidente da bienal, discutir os limites da arte é uma das funções do evento. Nesta edição, por exemplo, serão exibidos vídeos e fotos de pixações. “São estratégias de documentação que não se confundem com a pixação propriamente dita”, explica a legenda dos objetos.

A discussão sobre o que é obra de arte e a sua classificação dentro das diversas formas de manifestação também estarão presentes no evento. “A bienal é o fórum onde esses limites (do que é arte) são testados”, destacou.

A exposição será aberta ao público no próximo sábado (25) e permanecerá no Pavilhão Ciccillo Matarazzo, no Parque do Ibirapuera, até o dia 12 de dezembro. Segundo a organização, 300 mil turistas deverão vir à cidade para o evento. A entrada é gratuita.

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