má gestão

Juca Ferreira afirma que vereadores usam casas de cultura para distribuir cargos

Atualmente, equipamentos são geridos por subprefeituras. Secretário reivindica retorno para Secretaria da Cultura e movimento Hip Hop relata dificuldades para desenvolver atividades nos locais

O secretário de Cultura demonstrou insatisfação com os serviços prestados nos equipamentos públicos. (Foto: Folhapress/Vanessa Carvalho)

São Paulo — O secretário municipal de cultura de São Paulo, Juca Ferreira, afirmou na noite de ontem (10) durante evento Existe Diálogo em SP – Hip Hop, no Centro Cultural São Paulo, região central da capital paulista, que luta para que as Casas de Cultura da cidade voltem para a responsabilidade de sua pasta. Atualmente, os espaços são geridos pelas subprefeituras.

Segundo o secretário, os equipamentos – 13, conforme informa o site da prefeitura –, localizados em regiões periféricas, passaram a ser usados para ocupação de cargos por pessoas indicadas por vereadores.

“As Casas têm a obrigação de fazer parte da estrutura municipal de cultura. São equipamentos avançados na periferia que devem responder a políticas culturais estabelecidas publicamente. Mas nos últimos anos, elas viraram outra coisa. Não estão sob a responsabilidade da secretaria. Eu estou demandando que voltem a ser. Tem uma dificuldade, porque se criou um sistema de ocupação dos cargos que é fora da secretaria e passa por outras legitimidades”, afirmou.

Grafiteiros, rappers e Djs afirmaram enfrentar dificuldades para desenvolver atividades nesses equipamentos, mesmo voluntariamente. Entre as razões apontadas está a burocratização e a intensa militarização das subprefeituras na gestão anterior. Dos 31 subprefeitos, 30 eram policiais militares aposentados.

Juca também demonstrou insatisfação com o serviço prestado nos equipamentos. “Do jeito que é hoje, ela não atende a demanda e nem realiza a missão dela, que é fortalecer os processos culturais locais e levar processos que não são levados localmente”, definiu.

Segundo ele, desde sua chegada à secretaria, a questão está na pauta. Mas indicou não existir soluções de curto prazo encaminhadas. “Não é fácil. Porque elas entraram em um circuito que tem força. Mas é uma disputa que tem de ser feita e nós já estamos travando”, afirmou. “Se eu disser qualquer data aqui, eu estou mentindo”, respondeu, ao ser pressionado por um dos presentes a apresentar um cronograma para a concretização de mudanças.

Ele justificou a dificuldade enfatizando os interesses envolvidos. “Eu estou falando claramente, com todas as letras: é uma disputa. Porque ou elas continuam como são hoje ou elas voltam a fazer parte do sistema de cultura.” A proposta paliativa do secretário para as dificuldades da população, elaborada durante o debate, é a criação de um conselho de cultura em todas as casas, eleitos pela comunidade local.

Juca afirmou, que as casas de cultura seriam importantes, por exemplo, na solução dos problemas relacionados ao funk. A Polícia Militar tem desenvolvido operações para evitar que os bailes que ocorrem nas ruas, principalmente nos bairros da periferia da cidade, aconteçam. As medidas feitas dentro do âmbito da operação delegada da própria prefeitura têm revoltado produtores e frequentadores.

“O poder público tem obrigação de abrir espaço para atividades culturais. Por isso que eu acho que tem de estender a estrutura popular da prefeitura até a periferia, por isso que é tão importante que as casas de cultura sejam instrumentos de política pública, exatamente para que a juventude tenha a possibilidade de se divertir, de ter acesso à cultura, sem ser disponibilizada para influências que não sejam benignas”, defendeu.