Morte de Décio Pignatari deixa vazio nas artes e na academia

Um dos nomes mais importantes da poesia concreta brasileira, ele se destacou também pelas traduções e pelo estudo da semiótica

Décio Pignatari tinha 85 anos e morreu de insuficiência respiratória (Jonas Oliveira/Folhapress)

São Paulo – Morreu ontem (2), vítima de insuficiência respiratória e pneumonia, um dos mais importantes pensadores, poetas, ensaístas e tradutores brasileiros. O paulista de Jundiaí, Décio Pignatari, de 85 anos, foi um dos mais importantes nomes da poesia concreta no país, ao lado dos irmãos Augusto e Haroldo de Campos, mas também foi responsável por introduzir o estudo da semiótica nos cursos de Comunicação.

Um dos redatores da “Noigrandes”, Pignatari destacou-se pela incorporação de recursos visuais e da fragmentação de palavras na poesia. Basta lembrar o clássico poema “Beba Coca Cola”. Com os irmãos Campos, também escreveu o livro “Teoria da Poesia Concreta”, em 1965. Seus poemas estão todos reunidos no livro “Poesia Pois é Poesia”, de 1977. Também escreveu o livro de contos “O Rosto da Memória”, de 1988, o romance “Panteros”, de 1992, e a peça de teatro “Céu de Lona”; e foi tradutor de clássicos de Dante Alighieri, Goethe e William Shakespeare. Seu último livro foi “Bili com Limão Verde na Mão”.

Nos estudos da Comunicação, Décio Pignatari ajudou a fundar a Associação Brasileira de Semiótica, nos anos 70; lançou o Manifesto do Poema Código ou Semiótico, com Luiz Angelo Pinto; e foi membro-fundador da Associação Internacional de Semiótica, França. Escreveu o livro “Informação, Linguagem e Comunicação”, em 1968; e traduziu o clássico de Marshall McLuhan, “Os meios de Comunicação como extensões do homem”.

Também não se isentou da luta pela democracia e da participação política. Uma de suas aparições mais afetuosas e lembradas pelo público foi como um criador de pombos no filme “Sábado”, dirigido por Ugo Giorgetti, em 1995.

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