Tombamento do Cine Belas Artes, em São Paulo, ainda é incerto

Ato público em março pelo tombamento do Cine Belas-Artes mobilizou população, ativstas e políticos em São Paulo (Foto: CC/SA/Flickr) São Paulo – Audiência pública realizada esta semana na Assembleia Legislativa de […]

Ato público em março pelo tombamento do Cine Belas-Artes mobilizou população, ativstas e políticos em São Paulo (Foto: CC/SA/Flickr)

São Paulo – Audiência pública realizada esta semana na Assembleia Legislativa de São Paulo expôs a divisão existente em torno do tombamento do edifício do Cine Belas Artes, na capital paulista.  O Processo Legislativo 2.209/2012, do Movimento pelo Cine Belas Artes, de iniciativa popular, solicitando apoio para a preservação do cinema, foi indicado ao Executivo pelo deputado estadual Carlos Giannazi (PSOL), que havia pedido a audiência. “São Paulo tem desprezado seu patrimônio tombado, e as referências culturais ficam apagadas da memória da cidade”, lamentou, durante o encontro de quarta-feira (25).

Enquanto a presidenta do Conselho Estadual de Proteção do Patrimônio (Condephaat), Fernanda Bandeira de Mello, optou pela abertura do processo de registro de memória, uma vez que acredita que desse modo será reconhecido o valor de patrimônio imaterial do cinema como ponto de enriquecimento cultural, os representantes de movimentos civis em favor do cinema defendem o tombamento do prédio antes que ele seja demolido, o que o proprietário Flávio Maluf já prometeu não fazer.

Mais cedo, na manhã do mesmo dia 25 de abril, no local que já foi ocupado pelo Cine Bijou, na Praça Roosevelt, o estudante de Jornalismo Fabio Ornelas, da Pontifícia Universidade Católica (PUC), defendeu seu trabalho de conclusão do curso, um documentário intitulado “Cine Belas Artes – A esquina do cinema”. Em mais de duas horas de filme, o estudante toma partido a favor dos movimentos a favor da reabertura do cinema, com depoimentos de dezenas de manifestantes, além do psicólogo e jornalista Inimá Simões, do senador Eduardo Suplicy, do ex-deputado federal Fábio Feldman e do secretário de Cultura da capital paulista, Carlos Augusto Calil.

Na ocasião, um dos integrantes da banca e diretor do curso de Jornalismo da PUC, José Arbex Jr., fez questão de reconhecer o valor histórico e emocional do Belas Artes para a cidade, mas também lembrou que se trata de um local privado, diferentemente do que o filme dá a entender em muitos momentos, e que seria interessante ampliar essa discussão para a política cultural de São Paulo como um todo. E destacou o trabalho desenvolvido pela Cooperifa, no bar do Zé Batidão, no Jardim Ângela, zona sul, que em agosto do ano passado promoveu a 1ª Mostra de Cinema na Laje.

Criado em 1943, o Cine Belas Artes é considerado um marco cultural de São Paulo, mas está fechado desde 27 de janeiro de 2011, após a perda de patrocínio do banco HSBC e de várias tentativas de acordo com Flávio Maluf, que solicitou o aumento do aluguel ou a entrega do prédio por parte do administrador André Sturm.

Desde então, o Condephaat e o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico (Compresp) permanecem analisando o pedido de tombamento do local. Também foi instalada, no início do ano, na Câmara de Vereadores de São Paulo, uma CPI para avaliar o processo de tombamento do imóvel e a função social exercida pelo cinema como marco cultural.

Por sua vez, Sturm afirma que, mesmo que o Cine Belas Artes não volte a funcionar no mesmo local, deseja reabri-lo em outro local, como garantiu em depoimento registrado no documentário de Ornelas.