Violeiro Almir Sater traz o Pantanal a São Paulo

São Paulo – O que faz um artista, que não lança um álbum novo há cinco anos, ser capaz de praticamente lotar uma das mais prestigiadas casas de shows de […]

São Paulo – O que faz um artista, que não lança um álbum novo há cinco anos, ser capaz de praticamente lotar uma das mais prestigiadas casas de shows de São Paulo? A melhor resposta é o talento único, a simpatia, o carisma, a postura exemplar e os grandes sucessos. Esses são alguns dos atributos do violeiro, compositor e cantor pantaneiro Almir Sater, que, em 14 de novembro, completa 55 anos, e se apresentou, durante cerca de duas horas, na noite de sábado, 27 de agosto, no Credicard Hall.

Com chapéu na cabeça, óculos, camisa de manga comprida vermelha e calça bege, Almir Sater subiu no palco (quase) pontualmente e abriu a apresentação com duas canções do álbum mais recente, “7 Sinais”, de 2006. Entre elas, “No Rastro da Lua Cheia”. Em seguida, veio o primeiro sucesso, “Trem do Pantanal”. Foi quando interrompeu o show e, interagindo com os gritos da plateia, apresentou as primeiras canções e contou dois “causos”.

Uma das histórias contadas foi a do pantaneiro que gostou do inferno, que, apesar de ser quente, não tem insetos. Foi o suficiente para mais adiante alguém o chamar de “cramulhão”, apelido do personagem Xeréu Trindade, em função de acreditarem que ele tinha um pacto com o Diabo e o qual interpretou na telenovela “Pantanal”, exibida pela TV Manchete, em 1990.

Da trilha musical de “Pantanal”, constaram do show os sucessos indispensáveis, “Comitiva Esperança”, ali gravada por Sergio Reis; “Tocando em Frente”, na voz de Maria Bethânia; “Chalana” e “Um Violeiro Toca”, canção que melhor descreve a sensação de ver um show do artista: “Tudo é sertão, tudo é paixão, se o violeiro toca / A viola, o violeiro e o amor se tocam”. De outras telenovelas, vieram a gravação de “Cabecinha no Ombro”, para “O Rei do Gado”, e “Peão”, para “Fera Radical”.

Intercalando os sucessos, Almir Sater, acompanhado de uma banda extraordinária, fez vários números instrumentais em que comprovou mais uma vez porque é um dos maiores violeiros do país. Considerando-se um artista mais roqueiro do que sertanejo, ele fez duetos memoráveis, por exemplo, com o percussionista José de Ribamar Viana, mais conhecido como Papete e verdadeira sumidade no berimbau. Também deu espaço no show para que a irmã Gisele Sater e o irmão Rodrigo Melke Sater apresentassem uma canção do trabalho solo de cada. Outros quatro músicos também arrasaram no palco – os violonistas Cristiano Kotleinski e Carlos Alberto de Souza, o contrabaixista José Correia Porto e o acordeonista Marcelus Publius Anderson.

Almir Sater é daqueles artistas raros e completos, que, de maneira romântica, conseguem encantar cada pessoa que escuta a música que tocam como se estivessem brincando e sentindo um prazer imenso de estar ali diante da plateia. Esse é um deleite para poucos que o acompanham e lotam a apresentação que realiza anualmente em São Paulo e já está se tornando tradição. Afinal, ninguém melhor do que ele para personificar os versos de “Tocando em Frente”: “Penso que cumprir a vida / Seja simplesmente / Compreender a marcha / E ir tocando em frente / Como um velho boiadeiro / Levando a boiada / Eu vou tocando os dias / Pela longa estrada, eu vou / Estrada eu sou”.