Com presença de Camila Vallejo, UNE faz marcha em Brasília por melhor educação

Camila Vallejo, liderança estudantil do Chile, durante ato público da UNE em Brasília (Foto: Wilson Dias/ABr) Brasília – A União Nacional dos Estudantes (UNE) realiza nesta quarta-feira (31) uma manifestação […]

Camila Vallejo, liderança estudantil do Chile, durante ato público da UNE em Brasília (Foto: Wilson Dias/ABr)

Brasília – A União Nacional dos Estudantes (UNE) realiza nesta quarta-feira (31) uma manifestação na Esplanada dos Ministérios, na capital federal, para pedir mais investimentos para a área de educação. Depois da marcha, os estudantes esperam ser recebidos, ainda nesta tarde, no Congresso Nacional e também pela presidenta Dilma Rousseff.

A UNE disse ter reunido 10 mil estudantes no protesto, que percorreu as ruas desde o Banco Central até a Esplanada dos Ministérios. Mas, segundo a Polícia Militar do Distrito Federal, a marcha reuniu cerca de 3 mil pessoas.

Os manifestantes querem a aplicação de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) do país para a educação, o investimento de 50% do fundo do pré-sal e redução de juros. “O Brasil vive um momento importante, vem se destacando como uma forte economia. Neste momento, investimentos em educação são prioritários para o desenvolvimento do país”, disse o presidente da UNE, Daniel Lliescu.

O presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), Yann Evanovick, que veio do Amazonas para apoiar o movimento, destacou a necessidade de mais assistência estudantil, melhoria nas escolas e nas universidades. Ele também chamou a atenção para a evasão escolar no ensino médio. “Hoje, 50% dos jovens que estão no ensino médio abandonam os estudos, ou seja, milhares de estudantes deixando as escolas”, disse Evanovick.

Os estudantes reivindicam ainda melhor remuneração para os professores e ampliação das vagas nas universidades públicas. O pernambucano Ângelo Raniere, diretor na UNE, disse que, além de ampliar as vagas no ensino superior, o governo precisa garantir estrutura adequada para a educação.

A estudante Camila Vallejo, presidente da Federação de Estudantes da Universidade do Chile (FECh), ativista nos protestos estudantis chilenos que reuniram milhares de estudantes nos últimos dias, também participa da marcha. Camila veio ao Brasil com objetivo de elaborar uma agenda política com a UNE. Ela quer alertar sobre as violações dos direitos humanos e sobre a falta de democracia no Chile.

Para Lliescu, além de apoiar os estudantes chilenos nas questões relativas aos direitos humanos, o movimento estudantil brasileiro pode trocar experiências com o Chile. “Há algo em comum na luta estudantil dos dois países, que é a grande participação do setor privado do ensino superior. Defendemos a regularização do ensino superior privado, é preciso garantir uma educação de qualidade”, observou.

Vallejo

A aluna do curso de geografia na Universidade do Chile, Camila Vallejo, é uma das principais líderes do movimento estudantil daquele país, onde desde junho ocorrem protestos quase diários em defesa de uma reforma no sistema educacional. Ela deixou por um dia o comando das atividades em Santiago para participar da Marcha dos Estudantes, organizada pela UNE.

Para ela, o movimento estudantil no Chile se mostra forte porque os movimentos sociais daquele país ainda estão longe de alcançar avanços significativos, diferentemente do que vem sendo registrado no Brasil nos últimos anos.

“Eu creio que no Chile se vive um estágio social que pode ou não ter relação com o que se vive no resto do mundo. Particularmente no Chile, os movimentos sociais não conseguiram avançar nas demandas sociais. Os movimentos foram sendo comprimidos e acumularam uma frustração. De alguma forma, o país vive um descontentamento muito grande dos cidadãos em geral – e não só dos estudantes – que se acumulou por muito tempo. O que acontece é que no Brasil, pelo que sabemos, os movimentos sociais nos últimos anos conseguiram alguns avanços e isso permitiu que de alguma forma não se acumule essa frustração. Ainda que as conquistas tenham sido pequenas, foram alcançadas. No Chile, não.”

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