Um milhão de brasileiros deixam a pobreza em 2009 apesar da crise, diz pesquisa

Número de pessoas na miséria recuou 4%, diz estudo da FGV a partir de dados da PNAD

Brasileiros estão deixando a pobreza, segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (Foto: Bruno Domingos/Reuters)

São Paulo – Cerca de um milhão de pessoas deixaram a condição de pobreza no Brasil entre 2008 e 2009, aponta pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV). O estudo completo deve ser divulgado nesta sexta-feira (10). De acordo com Marcelo Neri, chefe do Centro de Estudos Sociais da FGV, a crise global reduziu o crescimento econômico, mas não impediu o combate à pobreza.

Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicínio (PNAD), o número de pobres caiu de 29,8 milhões para 28,8 milhões em um ano. As pessoas com renda familiar per capita por mês de até R$ 140 representam agora 15,32% da população brasileira (e não mais os 16,02% do ano anterior). “A queda não é tão expressiva quanto nos anos anteriores, mas significativa para quem esperava “um empate em 2009”, admitiu o pesquisador ao Último Segundo.

Com a expectativa de maus resultados, o especialista da FGV imaginava que o período seria um “ponto fora da curva” em relação aos últimos anos. Os dados consolidam, porém, uma década de melhoria nos indicadores de pobreza no país.

O levantamento também mostra que a concentração de renda segue caindo. A renda média dos 40% mais pobres do país avançou 3,15%, enquanto a dos 10% mais ricos cresceu 1,09%. Entretanto, o processo de redução da pobreza desacelerou-se. De 2003 a 2008, cerca de 20 milhões de brasileiros deixaram a pobreza. Entre 2007 e 2008, houve recuo de 12% e em 2009, o recuo foi de 4% na miséria.

Para Neri, a redução do pobreza no Brasil se deve à combinação de crescimento com redução de desigualdade social. O presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Eduardo Pereira Nunes, atribuiu a queda à eficácia dos programas sociais do governo, inclusive o Bolsa-Família.