Mesmo com crise internacional, pobreza no Brasil mantém tendência de queda

Estudo do Ipea mostra redução de 1,7% entre março de 2009 e o mesmo mês do ano anterior

O levantamento feito pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) mostra que, até o momento, os ganhos conquistados nos últimos anos com a redução dos índices de pobreza não foram afetados pela crise internacional. Pelo contrário, 316 mil brasileiros das seis principais regiões metropolitanas deixaram a condição de pobreza desde o último trimestre de 2008, considerado o início da crise no Brasil.  

Entre março de 2002 e abril de 2004, o número de pobres residentes nas principais regiões metropolitanas cresceu 2,1 milhões de pessoas. Em compensação, nos anos seguintes, até março de 2009, a quantidade de pobres foi reduzida em 4,8 milhões. A taxa da pobreza, que era de 42,5% em março de 2002, caiu para 30,7% em março de 2009. 

Comparando com outros momentos de desaceleração ou recessão no Brasil, o desempenho é surpreendente. Nos anos de 1982 e 83, quando a economia recuou quase 3%, o desemprego aumentou em mais de 50%. Entre 1989 e 90, a taxa foi multiplicada mais de duas vezes. Em ambos períodos, a crise rapidamente gerou ampliação nos níveis de pobreza (quase sete milhões de pessoas desceram a linha entre 82 e 83) 

Explicações

Um dos fatores que explica os resultados diferentes em relação à pobreza no atual período é a formação de uma rede de atenção pública voltada para a base da pirâmide social, algo que não ocorreu em outros momentos. Além disso, o coordenador do estudo, Márcio Pochmann, destaca o valor real do salário mínimo, que não se deteriorou nos últimos meses. Vale lembrar que o salário mínimo é indexador para os rendimentos dos trabalhadores ocupados e das políticas de garantia de renda – atualmente, 34,1% da população está protegida por algum mecanismo do gênero, em especial os beneficiados pelo Bolsa-Família.