Dilma critica economistas que pregam desemprego contra a inflação

Durante cerimônia em Porto Alegre, presidenta afirma que receita está equivocada

São Paulo – A presidenta Dilma Rousseff afirmou hoje (12), em Porto Alegre, que são “equivocadas” as afirmações feitas por economistas nas últimas semanas de que seria preciso reduzir o emprego para controlar a inflação. O anúncio foi feito durante a formatura de 2,2 mil alunos do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec).

“Tem muita… muita não! Pouca gente, mas gente que faz barulho, dizendo por aí que nós temos que reduzir o emprego, porque como estamos é perigoso. Essas pessoas estão equivocadas. Isso que estamos presenciando hoje [a formatura de novos trabalhadores] é o melhor instrumento para termos um mercado de trabalho saudável”, afirmou a presidenta.

No final de março, Ilan Goldfajn e Alexandre Schwartzman defenderam o desemprego como forma de combater a inflação. Goldfajan, que é economista-chefe e sócio do banco Itaú Unibanco e que esteve no Banco Central entre 2000 e 2003, defendeu em artigo no jornal O Estado de S. Paulo que o “desaquecimento” do mercado de trabalho seria um remédio para evitar a inflação. O ponto de vista é compartilhado por Schwartzman, que esteve na instituição entre 2003 e 2006. 

O ex-ministro Delfim Neto, comentarista econômico, chegou a ironizar a dupla pelos comentários: “A empregada doméstica virou manicure ou foi trabalhar num call center. Agora, ela toma banho com sabonete Dove. A proposta desses ‘gênios’ é fazer com que ela volte a usar sabão de coco aumentando os juros”, disse ao jornal O Globo

Na formatura, Dilma afirmou que não é necessário apenas aumentar o emprego, mas garantir qualificação profissional. “O Brasil tem que ter trabalhadores técnicos inteligentes. Precisamos de vocês para que esse país seja de fato desenvolvido, para que tenha um crescimento de outra qualidade”, disse. “Sem trabalhadores especializados o país não avança. É esse conjunto da população que sustenta o crescimento econômico do país”.

Durante a solenidade, os governos federal e estadual assinaram a repactuação do Programa Estadual de Erradicação da Pobreza Extrema – RS Mais Igual. Com isso, beneficiários do Bolsa Família com filhos de 0 a 6 anos passarão a receber uma complementação de R$ 30 no benefício por parte do governo do Rio Grande do Sul, que fará com que o valor repassado seja de R$ 100 mensais por integrante da família.

Infraestrutura

Na sequência, Dilma participou de uma cerimônia de entrega de retroescavadeiras, no município de Cais do Porto (RS). Ela afirmou que, depois de estender o Bolsa Família a todos os inscritos do cadastro único do governo federal, o objetivo agora é “dobrar a renda per capita do brasileiro”. “Nós dissemos que o fim da miséria é só um começo e é.”

A presidenta anunciou três novas obras viárias na grande Porto Alegre. A primeira é a ampliação de 32 quilômetros da BR 448, entre os municípios de Sacupaí e Estância Velha. Ela será construída a partir de uma concessão do governo, para evitar a cobrança de pedágios. O custo estimado é de $ 530 milhões.

Outra obra anunciada é a ampliação de 235 quilômetros da BR 392, entre os municípios de Santa Maria e Santo Ângelo. “Vamos implantar nova rodovia para otimizar malha logística e escoar a produção e facilitar o trânsito de pessoas”, disse a presidenta. O custo estimado é de R$ 1,6 bilhão.

A terceira obra consiste na reforma do trecho da BR116 entre Porto Alegre e Novo Hamburgo, para desafogar o trânsito. Está prevista a construção de passagens de nível, alargamento de viadutos, construção de marginais e transformação de acostamentos em terceira faixa. 

Na solenidade a presidenta entregou 80 novas máquinas retroescavadeiras e 40 motoniveladoras a 54 municípios gaúchos, em um investimento de R$ 28,5 milhões que beneficiará aproximadamente 65 mil agricultores familiares no estado. Também foram entregues 25 ônibus escolares para 15 municípios do Rio Grande do Sul.

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