Em Minas, Dilma critica ‘pessimismo especializado de plantão’

Presidenta diz que inflação está sob controle, sai em defesa dos direitos dos trabalhadores e dos salários e afirma que é possível combater alta de preços sem mexer nos juros

“Qualquer combate à inflação será possível sem provocar grandes altas nos juros”, disse a presidenta (Foto: Roberto Stuckert Filho. Planalto)

São Paulo – Em cerimônia de anúncio da retomada de produção de insulina no país que ocorreu hoje (16) em Nova Lima (MG), a presidenta Dilma Rousseff afirmou que as críticas feitas ao controle da inflação pelo governo são fruto de “pessimismo especializado”. 

“O controle da inflação foi conquista do presidente Lula e do meu governo, e não teríamos o menor problema em atacar sistematicamente para que não haja altas. Queremos que se mantenha estável, porque a inflação corrói o tecido social, o empresário e o trabalhador”, afirmou. “Acredito que tenha parte um pessimismo de plantão, que nunca olha o que conquistamos e onde estamos, sempre olham achando que a catástrofe é maior, que o processo tem sinalizações indevidas. Temos hoje taxa de juros real bem baixa, qualquer combate à inflação será possível sem provocar grandes altas nos juros.”

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) se reúne a partir de hoje em Brasília para definir se eleva a taxa básica de juros, hoje em 7,25% ao ano. Nas últimas semanas, parte da mídia tradicional, a oposição e o mercado financeiro têm pressionado pela elevação. 

Na semana passada, em um evento organizado pelo PPS na Câmara dos Deputados, o senador Aécio Neves (PSDB), provável candidato à presidência da República em 2014, afirmou que o governo federal não estaria usando “todos os instrumentos” disponíveis para controlar a inflação. Ele ainda disse que o Executivo é “leniente” nessa questão e ressaltou que que a inflação de alimentos para as pessoas que recebem até 2,5 salários mínimos já ultrapassou os 14%.

Também na semana passada, em São Paulo, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que o governo tem cumprido metas para o IPCA nos últimos anos, e que, na atual gestão, o controle da inflação tem tanta importância quanto a solidez fiscal. O ministro ressaltou a possibilidade do governo adotar medidas impopulares, como o ajuste na taxa de juros.

Mantega lembrou que ano passado houve valorização do real, devido à queda do dólar, e afirmou que a alta de preços atual é passageira. “Se o câmbio não sofrer novas quedas, não afetará a inflação.”

Desoneração

A presidenta reiterou que está otimista quanto ao crescimento do país neste ano. “Não há menor hipótese do Brasil não crescer, tenho certeza que colheremos o que plantamos, e plantamos muitas sementes.”

Apesar de apontar “um momento difícil” no cenário internacional, Dilma afirmou que o país mantém sua “robustez”. “A hora do Brasil é agora. Não desempregamos e não reduzimos direitos. Motivamos a capacidade de buscar maior equilíbrio entre as variáveis macroeconômicas”.

Dilma apontou a desoneração da folha de pagamentos como alternativa para reduções salariais. “Não buscamos redução de direitos, mas de impostos na folha de pagamento, e já significou adesão de alguns setores.”

A desoneração da folha de pagamentos já beneficia 42 setores da economia e tem como objetivo reduzir o custo de produção no Brasil. O governo espera que essa redução do custo se transforme em expansão do investimento. Segundo Mantega, as medidas entrarão em vigor em 2014. “Precisamos pensar também na estabilidade macroeconômica, não podemos desonerar sem apontar da onde vem a receita para suprir a perda da arrecadação”, apontou Dilma.

Entre os últimos setores beneficiados pela desoneração da folha estão empresas de construção de obras de infraestrutura e empresas de engenharia, de equipamentos militares e aeroespaciais e de serviços de manutenção de veículos. 

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