Governo descarta racionamento e diz que manterá conta de luz mais barata

Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) se reúne nesta quarta-feira (9) em Brasília para apresentar relatório sobre o sistema à presidenta Dilma Rousseff

Rio de Janeiro – O Comitê de Monitoramento do Sistema Elétrico (CMSE) se reunirá hoje à tarde (9) em Brasília com a missão de traçar um diagnóstico sobre as reais condições dos reservatórios de água das hidrelétricas brasileiras. O objetivo da reunião é dissipar qualquer dúvida acerca da possibilidade de desabastecimento de energia elétrica no país. A presidenta Dilma Rousseff não comparecerá à reunião, mas já avisou que está atenta à questão elétrica, tratada como prioridade pelo Planalto. Dilma receberá um relatório com o resultado das avaliações do Comitê logo após o término da reunião.

O CMSE é um colegiado formado por: Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e Agência Nacional de Petróleo (ANP).

Ontem (8), o dia foi dedicado a reuniões internas preparatórias nos órgãos integrantes do CMSE. Diretor-geral do ONS, Hermes Chipp evitou tecer qualquer comentário sobre a situação dos reservatórios e informou, por intermédio de sua assessoria, que a imprensa deverá ser convocada para uma coletiva na qual serão apresentados os resultados da reunião do Comitê: “Falaremos sobre as perspectivas de retomada dos níveis de segurança das usinas hidrelétricas”, avisou.

Outro que passou o dia de ontem fechado em reuniões preparatórias com sua equipe foi o presidente da EPE, Mauricio Tolmasquim. Neste começo de ano, Tolmasquim tem sido um dos maiores defensores do uso das usinas termelétricas em caso de diminuição dos níveis de segurança dos reservatórios das hidrelétricas: “Com as termelétricas, não há risco de racionamento de energia no país”, garante.

Representantes do governo também afastaram ontem a possibilidade de racionamento. Secretário-executivo do Ministério das Minas e Energia (MME), Márcio Zimmermann disse que a utilização das termelétricas não comprometerá a meta do governo de reduzir em até 20% o valor da conta de luz cobrada aos consumidores brasileiros a partir de fevereiro: “A redução das tarifas está prevista na Medida Provisória 579 e será cumprida”, disse.

Ações em queda, preço em alta

Pelo segundo dia consecutivo, as ações das empresas do setor elétrico brasileiro fecharam em queda ontem na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). A Eletrobras protagonizou as duas mais fortes quedas do dia no pregão, com quedas nos papéis ON (com direito a voto) e PNB (sem direito a voto), acumulando perdas de 9,07% e 8,44%, respectivamente. As ações da Companhia de Energia de São Paulo (Cesp) tiveram a terceira maior queda do dia (5,5%) e a Eletropaulo a quinta maior (4,39%). No total, as 35 empresas do setor elétrico com papéis na Bovespa tiveram desde segunda-feira uma perda acumulada que ultrapassa os R$ 4 bilhões.

Outro efeito das especulações sobre os riscos de racionamento de energia elétrica no Brasil foi a forte alta no preço negociado no mercado livre. Segundo a CCEE, o valor do megawatt/hora atingiu no início da semana o pico de R$ 554,82, o que representa um aumento de mais de 4.000% em relação ao preço (R$ 12,92) registrado em janeiro do ano passado.