Desemprego sobe em janeiro, mas mercado de trabalho continua aquecido

Comportamento foi o esperado para o período, dizem técnicos do Dieese e da Fundação Seade. Comparação com 2011 é positiva

São Paulo – A taxa de desemprego (9,5%) subiu em janeiro nas sete regiões pesquisadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), de São Paulo. Mas o resultado era esperado pelos técnicos, porque esse é o comportamento habitual para o período. Eles seguem apontando um mercado de trabalho aquecido, ainda que com menos intensidade. A expectativa é de que 2012 seja um ano melhor que o anterior, mas abaixo dos resultados mais expressivos de 2010. “Estamos subindo a ladeira, devagar”, definiu o economista Sérgio Mendonça, do Dieese, que fala em “otimismo moderado”.

O que mais chamou a atenção no primeiro mês do ano foi o crescimento da PEA (População Economicamente Ativa), fato incomum para janeiro. Normalmente, há menos gente no mercado em janeiro, porque não é uma época de contratações. Na região metropolitana de São Paulo, por exemplo, isso não acontecia desde 1990. Foram 120 mil pessoas a mais no mercado de trabalho, uma variação de 0,5%. Como o mercado abriu apenas 16 mil vagas (0,1%), o número de desempregados aumentou em 104 mil (5,2%), para um total estimado em 2,111 milhões.

O crescimento da PEA foi interpretado como um sinal positivo para o coordenador de análise do Seade, Alexandre Loloian. “As pessoas podem estar mais animadas (em relação a encontrar emprego)”, comentou. “Aparentemente, começamos o ano com expectativas mais favoráveis do que normalmente se inicia”, acrescentou o técnico, que vê um “clima melhor” na economia, apesar dos problemas estruturais ainda não resolvidos. A situação da indústria continua preocupando. “A desindustrialização é um fato. Temos perdido importantes elos das cadeias produtivas.”

Na comparação anual, a PEA cresce (1,4%), acréscimo de 309 mil pessoas, enquanto a ocupação aumenta 2,4%, o correspondente a 475 mil pessoas a mais, atingindo 20,167 milhões. O economista do Dieese considera a variação de 2,4% em 12 meses “um patamar muito bom, considerando que a economia brasileira está voltando a crescer”.

A taxa de 9,5% ficou acima de dezembro (9,1%), mas abaixo de janeiro de 2011 (10,4%), mantendo a tendência dos últimos anos. Ainda em relação a janeiro do ano passado, a taxa de desemprego só não foi menor na região metropolitana de Salvador (de 13,6% para 15%) – recuou no Distrito Federal (de 12,6% para 11,5%) e nas regiões metropolitanas de Belo Horizonte (de 7,7% para 5,1%), Fortaleza (de 8,5% para 8,1%), Porto Alegre (de 7,3% para 6,5%), Recife (de 13,5% para 11,9%) e São Paulo (de 10,5% para 9,6%).

Para Sérgio Mendonça, 2012 deverá ser “um ano típico”, ou seja, com crescimento da ocupação e redução das taxas de desemprego, talvez mais lenta do que em anos anteriores. “Não vai ser um ano espetacular”, observa, citando 2010, quando o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 7,5. Ele acredita que a ecoomia crescerá de 3% a 4% este ano.

O rendimento médio dos ocupados (R$ 1.458) teve ligeiro crescimento no mês (0,4%) e recuou 1,2% em meses. A massa de rendimentos teve variações de 0,9% e 0,2%, respectivamente.